A publicidade revela o imaginário social de diferentes períodos, e uma boa forma de analisar a representatividade da mulher ao longo dos anos é, justamente, buscar por publicidades antigas. Sob a ótica da publicidade é perfeitamente possível identificar o contexto social, histórico e muitas vezes ideológico de uma época. Empregabilidade, cadê você?

Como era  vista a mulher nos anos 50?

Um período de efervescência social e econômica, governo JK, modernização industrial. Era a legítima “mulher de verdade”, que ocupa seu lugar no lar, trabalhando feliz, arrumada, penteada e bem disposta, mas agora ela não segura mais o espanador e sim,  um eletrodoméstico.

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E nos anos 60?

No Brasil, o cenário é de tensões políticas e sociais, golpe militar, repressão, e a mulher se faz presente com uma participação “subversiva” em guerrilhas e em luta armada. Juntamente com os homens, foram presas, torturadas e abusadas sexualmente. Em uma época de censura e silenciamentos, a publicidade segue o padrão “rainha do lar” da década anterior.

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Já nos anos 70…

A oposição à ditadura veio em forma de cultura de resistência, aumento da criticidade, refletido na música, na arte e nos modos alternativos de vida, o que abalou comportamentos engessados e estruturados do passado. Com uma consciência política e cidadã maior, a mulher entra para o mercado de trabalho, enquanto isso, na publicidade, a mulher é mostrada dentro do universo patriarcal criado para ela, fazendo “coisas de mulher”. 

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Nos famosos anos 80…

Fim do governo militar, exilados voltando para casa, abertura política. As mulheres aparecem mais e melhor capacitadas para o mercado de trabalho, o que aumenta a empregabilidade. Na propaganda, é percebido um discurso sutilmente mais voltado para a mulher, mas sempre atrelado à família, a beleza, ao corpo, à sedução. A objetificação das mulheres fica bem evidente.

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Anos 90

Muitas famílias são chefiadas por mulheres, que a partir desse momento acumulam funções, já que a mulher continua sendo responsável pela casa. Um pequeno número de mulheres, graças a uma maior percepção individual e qualificação, conseguem remuneração melhor, e isso é mostrado na publicidade.

Caixa -Empregabilidade

Apesar das mudanças sociais mostradas em tantos discursos, é fácil perceber que a mulher sempre foi representada de uma forma esteriotipada, e isso se reflete no mercado de trabalho que ainda hoje não nos vê como iguais. Prova disso, é um grande número de mulheres desempenhando a mesma função dos homens com salários menores. Mas isso, é assunto para outro post.

Somada a essas condições, adicionamos a questão da idade (que afeta também aos homens), e aí temos um quadro aterrorizante.

Os setores que mais empregam no Brasil são os que menos contratam pessoas maiores de 50 anos e o que se vê ao pesquisar na internet sobre esse tema é uma profusão de dicas que, supostamente, vão ajudar a driblar as dificuldades encontradas por esse público no mercado de trabalho. 

Os concursos públicos acabam sendo uma das opções que restam para essa faixa etária, ou seja, não podemos considerar que as pessoas com mais de 50 anos sejam as mais desejadas do mercado de trabalho. 

Entretanto, a experiência é uma ótima ferramenta de articulação, e o que posso dizer do ponto de vista pessoal é que ser publicitária  (carreira rápida), mulher e ter 50 anos não contribuiu muito no quesito empregabilidade, rsrsrsr. Entretanto, o que acaba ajudando mesmo é a necessidade humana de superar dificuldades e a capacidade que temos de buscar novos caminhos, muitas vezes, com passagens de portas fechadas que vão sim, com muito esforço, se abrindo para nós mulheres.

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