Será que nossas escolhas alimentares podem contribuir para o aumento do desmatamento e até o aparecimento de novas epidemias? Alguns autores e pesquisadores relacionam que as práticas de desmatamento intenso têm efeitos devastadores para o futuro da humanidade.

A médica espanhola Maria Neira, diretora de Saúde Pública e Meio Ambiente da Organização Mundial de Saúde (OMS) em entrevista ao El País alertou: “Ao derrubar a floresta para substituí-la por agricultura intensiva e poluente, os animais que vivem nesses lugares, nos quais o homem não havia entrado, sofrem profundas transformações. Passar de uma floresta tropical, para um cultivo com adubos e pesticidas que nunca tinham entrado nesse ecossistema, altera o tipo de vetores capazes de transmitir os vírus. O desmatamento é uma forma de derrubar essa barreira ambiental entre espécies que nos protegem de forma natural de infecções por vírus, fungos ou bactérias”.

De acordo com a médica, foi assim que vírus como do ebola, Sars e HIV, entre outros, saltaram de animais para seres humanos depois da destruição de florestas tropicais.

A pecuária é um dos grandes responsáveis pelo desmatamento da Amazônia, segundo dados do Mapbiomas, uma parceria entre universidades, ONGs, institutos nacionais e o Google (plataforma Google Earth Engine). Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o desmatamento na Amazônia voltou a acelerar nos primeiros meses de 2020. Entre janeiro e abril, pouco mais de 1.200 quilômetros quadrados de floresta foram destruídos, um aumento de 55% em relação ao mesmo período de 2019.

O desmatamento é um problema antigo no Brasil. No entanto, em um momento em que os olhos do mundo estão voltados para a pandemia do novo coronavírus (Sars-CoV-2), a preocupação com a degradação do meio ambiente ganhou um significado ainda mais grave: a destruição das florestas aumenta o risco de seres humanos entrarem em contato com animais hospedeiros de vírus que podem causar doenças desconhecidas, como a Covid-19.

Os vírus são os seres mais abundantes do mundo e estão espalhados por todo nosso ecossistema. A Amazônia é considerada o local com maior abundância de vírus no mundo. E como a forma de nos alimentarmos impacta nesse ciclo desmatamento/novas epidemias?

Se pensarmos que a principal causa do desmatamento é o avanço da agropecuária, o consumo de carne é um fator preocupante na transmissão de doenças. O desmatamento e as mudanças climáticas devem ser um problema de saúde pública, não uma questão de ecologia ou ativismo, como lembra Mara Neira.

Aqui fica meu convite para repensarmos a forma como consumimos as fontes de proteína animal. Vamos juntos?

2 Shares:
1 comentário
  1. Correto. Excelente REFLEXÃO . Mais do que nunca é tempo de pensarmos em alimentos para alem da Carne vermelha . Mas é bom lembrar que tambem a monocultura em EXTENSÃO é preocupante , pois wshota o solo e nao Gera menos empregos porque na maioria das vezes trata-se Se vastas areas que precisam de MECANIZAÇÃO (mais maquinas, menos pessoas) .

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também pode gostar: