Sempre nos chamou atenção a quantidade de mensagens que fazem menção à secura vaginal e a como isso influi na vida sexual.
Aproveitamos e pedimos para a Tati Español – pesquisadora argentina especialista em sexualidade e que está escrevendo um livro 100% dedicado à vulva – que nos ajudasse com esse conteúdo.
E ela nos enviou uma quantidade incrível de informação para gente compartilhar.
Tati começou fazendo uma pregunta para nós: “Vocês perceberam que não é só secura?”
Concordamos com ela. A grande maioria das mulheres, nas mensagens, comentava que a secura vaginal era só a “ponta do iceberg”.
O que acontece é que começamos a notar todo um conjunto de mudanças envolvendo a nossa vulva, que começa progressivamente a interferir no prazer sexual. Por isso é normal achar que nossa atividade sexual está em xeque.
Mas nada mais longe da realidade.
O que acontece com a gente exatamente?
Com o passar dos anos, nossa cara e nosso corpo começam a mudar. A pele resseca e nossas feições “murcham” um pouco. As primeiras rugas aparecem. E essa pele que antes era mais esponjosa e túrgida, agora fica mais enrugada.
A mesma coisa acontece com nossa vulva. Após entrar na perimenopausa, a produção de estrogênio – o responsável por manter as paredes vaginais lubrificadas e “gordinhas” – diminui. Por isso podemos sentir nossa vagina mais seca e nossa vulva começa a perder elasticidade: os lábios internos e externos ficam mais finos, muito menores do que quando o estrogênio reinava em nós.
Vamos esclarecer: independente de como a gente se veja ou se sinta, nossa vulva tem a idade indicada no nosso RG.
Algo similar também acontece com nossa vagina (aproveito para perguntar: vocês são como nós, que chamávamos a vulva de “vagina”? Com um pouco de vergonha confesso que foi Tati quem, com muito amor, nos corrigiu…).
Com a diminuição do estrogênio, nosso colo do útero (que costumava gerar mucosidade cervical) começa a secar.
Após o início da menopausa, sem a lubrificação necessária em nossa vagina, ela “encolhe¨ e fica mais fechada (como era antes da puberdade!). E por esse motivo a penetração pode doer, ou até machucar se não colocarmos lubrificação (ou fizermos algum outro tratamento com estrogênio).
Mas a secura vaginal não é “monopólio” da menopausa e pode ocorrer também em outros momentos da vida como na gravidez, na amamentação, e durante o uso de alguns métodos anticonceptivos hormonais. É legal compartilhar essa informação com nossas amigas “não menopáusicas” que muitas vezes não têm ideia de que a falta de lubrificação nem sempre é só uma questão de idade.
Algumas ideias para que tudo isso fique mais simples
– Fazer muitíssimas preliminares, muitíssimas… para que uma vulva no-menopáusica esteja perfeitamente preparada para receber um pênis dentro da vagina, estima-se de 20 a 30 minutos de estimulação prévia. Levando a menopausa em consideração, pode ser necessário ainda mais tempo (vamos aproveitar!).
– Nem todo sexo é penetração: com muito lubrificante também é possível desfrutar do estímulo no clitóris, o que pode perfeitamente te levar ao orgasmo.
– Incorporar sex toys, de pouco comprimento, para estimular a área e facilitar a penetração.
– Não deixar de fazer sexo. E, se não estamos em uma relação, se masturbar. Quanto mais estimulamos a área, mais fácil será o sexo. Além disso, a masturbação é indicada como tratamento médico para quem já atravessou a menopausa, já que pode ajudar a evitar uma excessiva secura na área. Laura Streicher, professora de Obstetrícia e Ginecologia da Feinberg School of Medicine (Chicago, Estados Unidos) e autora do livro ‘Sex Rx-hormones, health and your best sex ever’, indica que a masturbação favorece a lubrificação e reduz a secura do tecido vaginal. Além de outros benefícios!
– Usar muito lubrificante! (E isso é assunto para outra coluna!)
Contem para nós como vocês estão lidando com essas questões.
Beijo grande,
1 comentário
Nesse instante da menopausa só tenho vontade de me masturbar. Não tenho mais paciência pro ato sexual com meu marido. Ultimamente tenho feito por obrigação. Estou fazendo reposição hormonal. Tem dado certo, minha secura sumiu, mas o desejo de sexo a dois, não. Fico triste, pois durante 17 anos sempre fomos muito “BONS de CAMA”
Enfim.