O ovo faz bem ou mal para a saúde? E o pão? Muito mais que nutrientes bons ou ruins, esses alimentos vez ou outra tornam-se vilões impedindo nosso discernimento no que podemos ou não comer. A tentativa reducionista de explicar a alimentação humana e todos os problemas alimentares em termos de nutrientes retira o poder das pessoas de decidir de maneira simples algo que fizemos desde sempre, como o ato de comer.

O termo “nutricionismo” vem da fusão das palavras “nutrição” e “reducionismo” e foi cunhado pelo autor Gyorgy Scrinis em seu livro “Nutricionismo: a ciência e a política do aconselhamento nutricional”, lançado em abril de 2021.

O autor nos dá a importante contribuição: “Desde as tentativas dos cientistas do século 19 de calcular a quantidade precisa de macronutrientes e calorias necessárias para o crescimento normal e para a prevenção de deficiências, essa arrogância nutricional foi estendida à população geral o que tem levado à implicações na relação das pessoas com a comida e com seu corpo”, escreve.

O fato de nomearmos o pão como carboidrato e a carne como proteína, nos distancia da alimentação amorosa e simplificada. Alguns fatores também são importantes neste distanciamento. Pessoas que repetidamente fazem dieta muitas vezes experimentam o silenciamento dos sinais de fome. A alternância entre períodos de jejum e de excesso de comida ou até compulsão alimentar pode deturpar a escuta, levando a não respeitar os sinais fisiológicos, algo que ocorre frequentemente pelo medo de engordar.

Meu convite é que não precisamos ficar raciocinando e calculando o tempo todo em termos de nutrientes e calorias e que comer possa voltar a ser algo simples, prazeroso e intuitivo.

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2 comentários
  1. Tive que aprender a me reeducar nessa pandemia no quesito alimentação. Só que eu vejo por ai esse cálculo matemático de porções e eu realmente fico patinando e achando que estou fazendo algo errado. Só que você citou algo que é verdadeiro: resgatar o prazer da alimentação, sem pressa e com simplicidade.

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