Aprendi que é assim que se deve consumir o ouro líquido, o óleo da saúde,  o mais antigo bálsamo … o azeite de oliva.

Em 2006, passeando pelas estantes da livraria FNAC em Pinheiros que já não existe mais, me chamou a atenção um livro de título instigante e tema curioso “Azeitonas – Vida e Saga de um Nobre Fruto” do jornalista, editor e autor Mort Rosenblum. A capa traz a imagem de oliveiras em um dos vários quadros pintados por Van Gogh com o tema.

Foi esse livro, um relato interessantíssimo e rico que faz um passeio por diferentes países produtores de azeite de oliva, fala de curiosidades e particularidades de cada povo e, com paixão, da relação entre produtores, seus olivais e o suco precioso das azeitonas, que me fez brilhar os olhos.

Amo viajar. Amo azeite de oliva. E amo juntar gente interessante em volta da minha mesa em encontros onde se aprende, onde a troca é fértil e o tempo passa sem a gente perceber.

Só tem um pequeno detalhe: não sei cozinhar.

Na época e, por muitos anos mais, meu marido viajava pelo mundo todo a trabalho e eu, sempre ia junto. As reuniões terminavam e, a partir de onde estivéssemos, criávamos um roteiro viável para conhecermos algum lugarzinho interessante. 

Após ler o livro que contei acima, passamos a priorizar alguns dos lugares mencionados pelo escritor.

Fosse para conhecer um produtor da Andaluzia cuja família comprou seu primeiro moinho em 1795, para visitar o mais antigo moinho de azeite da França, para jantar em um determinado restaurante com uma ligação especial aos azeites de oliva como na Turquia. Ou para ver as oliveiras que se misturavam às tamareiras na Tunísia, para conhecer uma delicatessen que vendia azeites especiais e de nicho de vários lugares do mundo.

E na mala, é claro, vinham alguns vidros de azeite. Preciosidades!

Azeite

Mas azeite de oliva, diferentemente dos vinhos por exemplo, quanto mais jovens, mais frescos, mais recém-extraídos das azeitonas, melhores!

Por isso é que digo que o melhor azeite de oliva (sempre extra virgem) é aquele produzido no lugar em que você está!

Mas isso já é conversa para quando estivermos em volta da minha mesa …

Voltando à mala cheia de azeite de oliva, começamos a reunir amigos em casa, em volta da nossa mesa e a provar os azeites da forma mais ancestral, deliciosa e prática para quem não sabe cozinhar como eu … com pães, usando as mãos e na companhia de bons vinhos. 

Fomos criando, Renato e eu, um formato interessante e divertido de degustação de azeite de oliva.

Meu interesse e paixão pelo assunto só fez crescer e, curiosa que sou, estudei, pesquisei, viajei mais e mais e, claro, tenho provado litros de azeite de oliva nesses últimos quinze anos com o interesse e o prazer de uma criança que a cada prova, descobre sempre uma novidade!

Esses encontros, as degustações de azeite, foram para outras mesas, sempre preparadas por mim com um capricho e uma alegria enormes. 

Viraram um trabalho!

Em volta dessas novas mesas, pessoas que não se conhecem descobrem um mundo inusitado de conhecimento, sensações e diversão tendo como protagonista o azeite de oliva.

Ou amigos que se juntam e me chamam para celebrar com eles um momento importante, numa vivência original e interessante pelo do mundo dos óleos das azeitonas.

Empresas também estão descobrindo que oferecer a seus colaboradores experiências que contribuam para desestressar e ampliar repertórios, é produtivo.

Experiência é o termo que gosto de usar para definir este trabalho. 

Porque a linguagem da experiência é transversal, cria vínculos e emociona.

E como não se emocionar com encontros cujo elemento central é o azeite de oliva, aquele que conhecemos desde pequenos vendo um vidro ou uma latinha sempre regando a salada à mesa e em pratos que dão água na boca?

Aquele líquido que desde a ancestralidade alimenta, cura e ilumina.

O suco das azeitonas cuja árvore, a oliveira, muitas vezes ainda está aqui desde séculos a testemunhar a história da humanidade.

Nos tempos de pandemia que vivemos há um ano, esses encontros mudaram de formato mas continuaram a ocorrer. Como em tantas situações, fomos para o virtual. Os azeites, no entanto, continuam reais e chegam às mesas daqueles que buscam experiências novas, aprendizado e encantamento.

E mais! 

Estamos provando e degustando excelentes azeites de oliva made in Brasil !

Sim! Nossos azeites estão ganhando muitos prêmios mundo afora e, nada melhor do que prestigiar a produção interna que está se destacando no contexto internacional.

Pero Vaz de Caminha em carta ao Rei de Portugal já dizia: “Nesta terra, em se plantando, tudo dá!”

E ele estava certíssimo.

Sorte nossa !

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2 comentários
  1. Senti sua paixão nas palavras, aliás adorei ler seu texto! Parabéns pela paixão pelo azeite, e um dia quero ter a experiência de ouvir mais e saborear em um encontro com vc!

  2. Quem Tem o privilégio de conhecer Mia de pertinho Há de concordar que ela é mesmo apaixonante e apaixonada por azeites e seus acompanhamentos.
    E eu?!
    Sou ApaiXonada pElo sEu Bom gosto, suaS mesas e sua companhia…

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