Sempre adorei uma retrospectiva, elas ordenam os eventos do ano, transformam dias/semanas/meses em uma grande estória. Esse ano, independente de quem você seja, não foi um ano fácil: fomos todos tocados por uma pandemia e sem dúvida vivemos um momento que ficará para a História. Justamente por esses motivos eu quis fazer uma retrospectiva diferente, substituindo a ordem cronológica pela geográfica e somente com protagonistas mulheres.
Vou começar pelo Brasil com um exemplo empreendedor, Luiza Trajano. Essa mulher sempre foi um exemplo, mas em 2020 ela deixou algumas marcas. Liderou o movimento empresarial “Não Demita”, anunciou um programa de Trainee exclusivamente para negros (foi altamente criticada por isso e não voltou atrás), nos lembrou que a união é sempre a melhor resposta à qualquer crise, e a sua empresa permitiu que milhares de empresas tivessem como vender online rapidamente.
Outras duas brasileiras me marcaram: Margareth Dalcolmo e Vera Magalhães. A primeira, médica pneumologista da Fiocruz, liderou os esforços da vacina com a Universidade de Oxford, além de ter sido uma defensora incansável da ciência contra a epidemia das Fake News. Vera representa a voz importante de uma imprensa alerta e mudou completamente (para melhor) a cara do Roda Viva. Trouxe para TV o Brasil fora de Brasília, um país diverso, mulheres, negros e principalmente estórias que devem ser compartilhadas, seja por motivos didáticos ou inspiracionais.
Agora vamos para os Estados Unidos com representantes das mais diversas áreas: Política, Economia e STEM (Science, Technology, Engineering and Math).
Kamala Harris fez História como a primeira negra, mulher e descendente de imigrantes a ser eleita Vice-Presidente da maior potência do mundo. Ela já era minha aposta nas prévias do Partido Democrata, justamente por trazer um sangue novo e um perfil técnico relevante para a importância do cargo. Virou meme com suas entradas firmes nos debates e certamente se tornará exemplo para milhões de meninas no mundo todo.
Na Economia Janet Yellen, a economista que já foi presidente do FED e foi nomeada por Joe Biden a próxima Secretária do Tesouro americano. Por que esse cargo é tão importante? Porque simplesmente caberá a ela elaborar o plano de retomada econômica da maior economia do mundo após um desafio sem precedentes. E para completar o trio maravilha Gitanjali Rao, uma menina de 15 anos que inaugurou a categoria “Kid of the Year” da revista Time.
Essa menina do Colorado é uma inventora e cientista que tem usado a tecnologia para solucionar diversos problemas, do cyberbullying à crise dos opióides. Quem segura essa nova geração?
Atravessando o Atlântico chegamos ao Velho Continente e ao “Quarteto Fantástico”: Angela Merkel, Ursula von der Leyen, Christine Lagarde e Kristalina Georgieva. A primeira é na minha opinião a maior política da atualidade, está há quinze anos no poder liderando a Alemanha e também a União Europeia. Enfrentou de tudo nesse ano, a pandemia, Trump e os líderes populistas da Europa, sempre escutando todos e tomando decisões muito pensadas.
A segunda, Ursula von der Leyen,é uma política alemã e Presidente da Comissão Europeia, também não teve um ano fácil, um Brexit para lidar e o plano de vacinação de todo o Bloco para organizar. Christine Lagarde é francesa, já foi Ministra de Finanças, esteve à frente do FMI e hoje é Presidente do Banco Central Europeu; na sua pauta estão o papel dos estímulos na retomada européia e a possibilidade da adoção de um plano verde para combater o aquecimento global. Kristalina por sua vez é búlgara, Diretora do FMI (Fundo Monetário Internacional) e tem uma equação complexa para resolver: como fazer com que os países continuem auxiliando empresas e pessoas a saírem da crise sem que suas dívidas explodam e fiquem insustentáveis.
Por último e não menos importante, Nova Zelândia e Jacinda Ardern. A Primeira-Ministra neozelandesa, que no passado levou sua bebê para ONU e baniu armas após um atentado terrorista, teve uma conduta impecável na pandemia, zerando casos e comprando vacinas para toda a população e ainda para países vizinhos. Que o mundo possa ver novas “Jacindas” no futuro.
Para fechar nossa retrospectiva não poderia deixar de fazer uma homenagem in memorian . O mundo, principalmente os Estados Unidos, perderam Ruth Bader Ginsburg, a Juíza da Suprema Corte que ajudou a desenhar uma realidade mais igualitária para as mulheres, justamente em um momento no qual a Corte Americana pendia levemente para um viés mais conservador. Com a Juíza Amy Coney Barrett , apontada pelo Presidente Trump para o seu lugar, a Suprema Corte Americana tornou-se indubitavelmente conservadora.
O que eu desejo para o Ano Novo? Que os nossos avanços sempre superem os nossos retrocessos.
Feliz 2021!
1 comentário
Uau!!! Amei!!!!!