Sou Andrea Buonfiglioli. Tenho 56 anos, e como costumo dizer, tive uma vida de princesa, nunca me faltou nada, saúde e amor de sobra. Sou divorciada. Fui casada por quase 20 anos e tenho dois filhos, Victor com 26 anos e Ignacio com 23, que sempre foram a alegria da minha vida.
Trabalhei 35 anos no mundo corporativo, no mercado de tecnologia da informação, tive uma carreira de sucesso em empresas como Microsoft, Autodesk e OSIsoft.
Sou formada em Ciências da Computação pelo Mackenzie, com especialização em Administração de Empresas (CEAG – FGV) e MBA Executivo Internacional pela USP (incluindo programa em Cambridge – Judge Institute, Lyon – EMLyon e USA – Vanderbuilt)
Mas, em 2018, o ano da virada, comecei a questionar meu futuro, meu modo de vida. Fui influenciada por minha irmã que se dedica a causa de um mundo mais cooperativo e sustentável e por meu filho Victor que, aos 21 anos, estudando economia e trabalhando numa multinacional, decidiu largar tudo, viajar pelo mundo e viver da sua arte, seu propósito.
Não acredito num momento de virada. A sementinha já tinha sido plantada no meu coração, 2018 foi o ano da decisão. Meu trabalho no mundo corporativo já não refletia meus novos ideais. Queria trabalhar com arte, com crianças, levar beleza para as pessoas, aproximar as pessoas da arte, especialmente a arte contemporânea, que tanto me fascina. Queria viver uma vida mais simples.
Eu me preparei para essa virada. Tinha minha poupança, fiz muitas contas, meu pai me ensinou sobre a importância da independência financeira, fiz um coaching e mudei!
Todo mundo achava uma loucura largar minha carreira, meu salário, por uma coisa que nem eu sabia direito o que seria. Comecei com a ideia de fazer curadoria de exposições e fiz uma agenda de estudos.
Fiz dezenas de curso sobre artes e filosofia com foco em História da Arte e Arte Contemporânea na FAAP, MASP, MAM, Ypsilone, Espaço Mirabilis, com artistas, professores e críticos de arte como Bruno Dunley, Daniel Jablonsky, Danilo Oliveira, Felipe Martinez, Gabriela de Laurentis, Juliana Guide, Luciana Lourenço Paes, Magnólia Costa, Rafael Vogt Maia Rosa, Rodrigo Petrônio, Tiago Mesquita, entre outros.
Sempre me interessei por arte contemporânea porque ela gera o desconforto do momento em que vivemos. Provoca sentimentos muitas vezes conflitantes. Mas tem também muita poesia.
Comecei um trabalho que chamo de turismo cultural. Visitas guiadas a exposições de arte contemporânea, de uma forma leve e despretensiosa, para leigos, para quem quer viver a arte, emocionar-se com ela.
Quando estava lançando meu site veio a pandemia, e lá fui eu para o online, como todo mundo. Deu super certo. Hoje faço esses passeios online para adultos, crianças e empresas. Estou agora desenvolvendo cursos, que são passeios mais longos, com essa ideia de passar as informações de forma leve e despretensiosa, com muitas imagens e vídeos. O primeiro sai em setembro e é sobre Inhotim. O segundo já está sendo arquitetado, sobre arte urbana, grafite. Faço também apresentações para instituições de apoio a crianças e idosos carentes. O endereço é andreaarte.com.
Minha dica para mulheres que querem fazer brotar aquela sementinha que está em seu coração, é: prepare-se financeiramente e emocionalmente, dedique tempo e não tenha medo. Quando colocamos nossa energia em um projeto, nossa cabeça começa a funcionar em cima disso, as ideias vêm ao montes, e tenho certeza que o universo vai conspirar a seu favor.