Nasci em agosto de setenta e dois, embalada ao som dos Bee Gees, Abba e Novos Baianos. 

Solo de ideias férteis, essa década entoou os gritos revolucionários daqueles que lutaram a favor de uma sociedade verdadeiramente democrática, movimentando um mundo enraizado em seus valores antiquados, injusto, transformando nossas vidas definitivamente.  

Tive a sorte de crescer numa família que sabia o significado desse conceito simples, mas tão corrompido, que é o respeito. A partir daí, fui juntando as peças da minha formação, tentando compreender a complexidade do que me faz humana, aprendendo entre erros e acertos como não deformar a minha essência.   

Aos vinte e dois anos me formei em odontologia pela Universidade do estado do Rio de Janeiro.

O que mais me interessava no meu ofício, além de seu traço artístico, era também a possibilidade de entrar em contato com a vulnerabilidade daqueles pacientes que procuravam, muitas vezes, além do atendimento, alguém que genuinamente os ouvisse.

Por um quarto de século, abracei esse casamento profissional com carinho, me deixei levar pelo curso da vida, construí uma família.

Até que decidi alçar novos voos. 

Tenho a impressão que sempre fui uma contadora de histórias, curiosa do detalhe, das sensações, do afeto das relações. Mas minha retórica fantasiosa, quando criança, foi menosprezada, infelizmente, trancada em alguma gaveta.

Pouco tempo atrás resolvi libertá-la, permitir seu renascimento nas páginas da minha escrita. 

Poder escrever sobre a alma feminina, seus relatos, me coloca de frente para o espelho. Meu reflexo, desnudado através de suas vozes. 

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