“Don’t bother with churches, government buildings or city squares. If you want to know about a culture, spend a night in its bars.” Ernest Hemingway
Concordo com Hemingway, bares são excelente expressão da sociedade e, para gente como eu que gosta de observar a interação das pessoas, são uma deliciosa experiencia etílica e antropológica.
Pude observar, por exemplo, que cada bar tem a sua vibração, seu ritmo e que muitas vezes rege o que acontece neles. Repare. Cada tipo de bar vai um tipo de gente, e as vezes as misturas tornam a coisa ainda mais interessante.
Lembro-me da primeira vez que o bichinho do bar me picou. Foi no Kingston Mines em Chicago. Lugar incrível, onde você encontra o executivo, o motoqueiro, a mocinha e o black power do blues na fila para mandar uma harmônica ao vivo que faz a gente arrepiar. Cada uma na sua, a maioria lá pela boa música e pela cerveja no gargalo e, se rolar alguma coisa com alguém será uma feliz consequência.
O Nomad em NY é o meu predileto. Também mistura de tudo: desde quem saiu do trabalho até o turista perdido que foi lá tomar uns dos melhores drinks da cidade. O povo vai para comer o famoso hambúrguer e beber com os amigos e, se sai uma paquera, é daquelas regadas à boa conversa e excelentes drinks. Tudo acompanhado de um bom jazz ou soft rock.
Se o bartender Chris estiver por lá – em todo lugar tem um bartender chamado Chris! – peça o “Improved Whisky Cocktail”, uma deliciosa combinação de whiskys com um toque de absyntho.
Já o pub é o lugar mais democrático e todos. Você vai na hora que quer e como estiver vestido, de bom ou de mau humor, não importa. Normalmente é para encontrar amigos que gostam de cerveja ou assistir uma final de Rugby ou de futebol. O público é bem heterogêneo e tem quem vai pela paquera, seja o encontro marcado do aplicativo ou quem você encontrar lá.
Interessante, conheço romances que começaram em botecos ou até em Carnaval de rua, mas nunca conheci ninguém que casou com quem encontrou em um pub! A certeza do pub é que vai ter sempre uma banda tocando música dos anos 1980 e que qualquer coisa além de cerveja ou whisky (irlandês) é um erro.
Se quer ser diferente e pedir um gin tônica, boa sorte. Martini?! Não peça. Tanto em Londres quanto aqui vão te olhar com cara feia e… Acredite em mim, vem sempre ruim. Aliás, Martini é um drink para bares elegantes e mais exclusivos. Já chego lá.
O segundo nível de bar é o boteco. Igualmente democrático mas, diferente do pub, o povo já vai mais disposto à paquera e um bom flerte é sempre possível. Se for a noite, ou para a feijuca de sábado, você já toma um cuidado com a roupa. A localização já passa a ser relevante. Cada bairro tem um público e as vezes não é bom misturar.
Boteco, claro Le Jazz Petit -SP
Cerveja no copo americano é a regra. O povo que está na dieta ou quer fazer um tipo pede gin tônica. Normalmente bem feitinho. Não peço Negroni, Old Fashioned ou Fitzgerald em botecos, normalmente são sofríveis. Então, para não errar e acompanhar o samba raiz, vai de Caipirinha que tudo segue em harmonia.
Chegamos aos bares por excelência. Aqui a gente já começa a nivelar o jogo. Os bons são concebidos com uma carta de drinks honesta, ambiente agradável e boa música, que pode variar de jazz – como no Le Jazz Petit – até uma boa seleção de Clássicos dos anos 1980 e 90 para dançar.
Dá para tomar boa parte do cardápio. Eu normalmente evito os drinks de cor estranha ou que misturam muita coisa tipo “infusão de caju” com xarope de framboesa e tequila. Não vai lá e pede uma garrafa de vinho, por favor! é tão errado quanto pedir musica para o DJ. A paquera rola solta e se você tiver boa aparência e sabe dançar, já tem meio caminho andado para o que quiser na noite.
E por fim, e não menos importantes, os bares e restaurantes mais elegantes. Aqui já é liga profissional. Gente bonita e bem-vestida que vai para degustar um bom vinho ou drinks acompanhados de boa comida. Normalmente lugar de casais, e se você não for acompanhado, pode ter a sorte de uma boa paquera.
Se for o caso, não se apresse. Aqui conta uma boa e inteligente conversa acompanhada de alguns Martinis. Não peça para fazer tipo. Se não gosta de Martini, compartilhe um bom vinho. Tem gente que pede Martini e nem sabe segurar a taça! Pelamor!… Se for seu caso, peça Negroni. Afinal, o Martini pede uma certa elegância no tomar.
As opções são várias e tem o lugar certo com a “vibe” certa para o que você procura, desde tomar um “pint” de Guiness sozinho até alguns Martinis com a sua futura esposa. Se tem uma regra comum? É para ser divertido e gostoso. Às vezes um bom whisky em casa, ouvindo Coltrane resolve.
Le Ballroom Du Beef, Paris Annabelle, Londres
E lembre-se do que disse Hemingway: “Nunca demore à beijar uma mulher bonita, ou abrir uma garrafa de whisky”. Ou o Fred: “The one and only reason is fun, fun, fun
I said, ‘Well baby, we’ve only just begun’
So don’t talk just kiss…”
Se o mood á para mais agitação, tem sempre um “Show Bar” para ir…
Cheers!
1 comentário
Dicas ótimas, ??????,