Quando chegamos nos 40 e poucos – no meu caso, 50! – uma das grandes vantagens que alcançamos é o fato de sabermos “o que” e “com quem” gostamos de beber. São os amigos de copo.
Creio que é uma das conquistas, a “maturidade etílica”. Colecionamos estórias e episódios homéricos da nossa adolescência, regados a cerveja, whisky ou outras bebidas de composição e até origem duvidosa e hoje podemos relembrá-los e nos divertirmos com eles com um copo de boa bebida nas mãos, enquanto vivemos e acumulamos novas estórias.
O beber “demais”, ou passar do ponto não é mais o objetivo, mas sim uma feliz consequência “do que” e “com quem” se faz, os amigos de copo.
Comecemos com “o que” se bebe.
Você pode ser uma pessoa que adora vinho, cerveja, whisky ou drinks. As opções de bebidas são vastas e disponíveis para a erradicação de praticamente qualquer tristeza, ou embalo das maiores alegrias.
Particularmente , sempre fui mais dos destilados e isso naturalmente influenciou minha busca pelos drinks, e entre meus preferidos eu tenho o meu par… ou, melhor, trio indefectível: Dirty Martini, Vesper e Negroni. Tenho histórias com cada um e hoje, regam outras tantas.
Outro ponto bom da idade é o experimentar. É um prazer provar e descobrir os novos sabores que a mixologia pode proporcionar, sendo um prazer maior ainda, fazer isso com os amigos de copo, de mesa e de balcão.
Quantos já se converteram a um Negroni bem feito ou descobriram o Boulevardier como opção suave e equilibrada ao amargor do Bitter?! E o maravilhoso meridiano de Martinis que se pode provar, do Clássico ao Perfeito, passando pelo Gibson, Vodka Martini, chacoalhado e não misturado, enfim…
Os amigos de copo são das antigas, novos, uns que voltam depois de tempos, outros que nunca saíram do nosso lado, sem esquecer, é claro, de mencionar a companhia da vida (nem) sempre junto nessa bebedeira. Bebemos bem sozinhos, bebemos bem quando acompanhados. Criamos possibilidades de conhecer novas pessoas, gente até mais nova, no alto de seus 20 e poucos, com papos incríveis e divertidos. É isso, filhos e sobrinhos crescem e brindamos mais a vida com quem se ama.
O que importa é ser bom, ser leve, fazer bem, ser feliz. Vamos celebrar e brindar a vida, colecionar estórias e juntar gente boa.
Os filmes trazem uma infinidade de “Parceiros de Copo” nas telas e na realidade, com estórias espetaculares!
No papo de hoje vou de clássico: Humpfrey Bogart e seu papel como Rick Blane em Casablanca com diálogos memoráveis e a maravilhosa Ingrid Bergman.
Já na música também há algumas parcerias de valor inestimável. E aqui, meus caros, eu vou ficar com o “Poetinha”, o “Diplomata com copo na mão”, compositor, jornalista, cantor… Conquistador e bebedor inveterado, Vinicius de Moraes.
Disse que o whisky “é o cachorro engarrafado, mas não era incomum no almoço, tomar “um vaso” de Gin Tônica, nas palavras de Chico Buarque.
“Nunca vi amizade que tenha começado em uma leiteria”… Verdade! Colecionou amigos e parceiros memoráveis: Tom Jobim, Baden Powell, Chico… Sempre todos ao redor do copo.
Vinicius “inaugurou” o conceito de abrir a casa para amigos, para saraus e noitadas regadas a música, poesia, boas conversas e bebidas…até nisso, inovou! Sigo seu exemplo, sempre!
Em homenagem a ele, fecho o bar hoje ao som de “Pra Que Chorar” com Zeca Pagodinho…
Cheers e até a semana que vem no balcão da @drinknthepot!
1 comentário
Excelente texto…