Por Amana Assumpção (@amanaassumpcaopsicologa)
Que navalha é essa, tão afiada, que corta profundamente a autoestima feminina? E, por mais que se fale sobre amor próprio e não comparação, a ferida não cicatriza?
Essas são as perguntas que me conduziram a um mergulho nesse assunto, já tão falado e nunca esgotado.
Nos primórdios do nosso desenvolvimento, absorvemos o mundo ao nosso redor, e construímos nossas crenças, nossas formas de ver e interpretar o mundo e a nós mesmos. Nossos familiares são referência primordial nessa construção.
Por outro lado,eles estão permeados pela cultura na qual estão inseridos, o que os levam a reproduzir no dia a dia esses valores.. Mesmo que não digam diretamente para a criança que ela precisa ser magra e ter um cabelo bonito, dizem isso sobre si mesmos (preciso perder peso para ir para praia), sobre os outros (você viu como fulana envelheceu?). Joanne Frost (super nanny) fez uma experiência com crianças de 9 à 12 anos, e mais da metade delas já apresentava insatisfação com o corpo e desejo de serem mais magras.
Essas crenças continuam sendo amplamente reforçadas por todos os cantos e apresentam alto impacto emocional, uma vez que pertencimento e reconhecimento estão entre as necessidades básicas do ser humano.
Os impactos das padronizações de gênero são tão cruéis, que influenciam na predominância e prevalência de diversos transtornos psiquiátricos nas mulheres, como transtornos depressivos, ansiosos e alimentares. Os esforços adaptativos estão entre os fatores de estresse que aumentam essa incidência. Esses padrões são muito mais amplos que os de beleza, esse é um recorte que fiz nesse texto.
Mas a questão chave é: Como desconstruir algo que não está exclusivamente no campo racional?
Ampliar as referências e o autoconhecimento são fundamentais para transformarmos o medo da crítica e a autocrítica em uma postura mais amorosa. Amor é feito de cuidado cotidiano e de diálogo com a vulnerabilidade, com o amor próprio não é diferente.