“Before Elvis, there was nothing”, John Lennon.

Este artigo não é sobre drinks, afinal Elvis não era nem um entusiasta deles, mas depois de assistir o filme “Elvis” eu precisava escrever alguma coisa. Já ia começar a dar spoiler aqui e levei bronca… Vá lá ver o filme e depois me fala o que achou.

Só digo que não é a toa que Lisa Marie Presley foi aos prantos após assistir o filme. Resumindo, goste ou não de Elvis, é o retrato da vida de um gênio. Eu saí do cinema ao mesmo tempo eletrizado e pensando; E agora? O que temos?

Sempre disse que somos uma geração privilegiada na musica e nas artes apesar de não termos vivido os anos 60/70 durante a Beatlemania ou ouvindo Elvis no rádio mas suas músicas nos encontraram em algum momento de nossa infância ou adolescência…

Cresci nos anos 1970 com meu pai ouvindo “Let It Be” e “If You Could Read my Mind” de Gordon Lightfoot, ou minhas irmãs com Bee Gees ou “Stairway to Heaven”. Minha mãe ficava com Roberto Carlos ou os clássicos, Chopin ou Bach.

Meu primeiro filme foi “Star Wars” e logo em seguida “Superman” com Cristopher Reeve. Fui iniciado cedo em “O Poderoso Chefão” e aprendi a ter paciência para ver “Love Story” com a minha mãe ou “ Nasce Uma Estrela”, a versão boa, com a Barbra Streisand.

Os anos 1980 – ao mesmo tempo que foram ingratos na moda para homens e mulheres – nos agraciaram com os hits da nossa vida. “Take on Me”, “Every Breath You Take”, “Livin On a Prayer” e outras tantas, isso enquanto Michael Jackson batia recordes com “Thriller” e eu aprendia inglês tocando o cassete de “Syncronicity” do Police.

Pete “Maverick” Mitchel faz seu primeiro voo em 1986 e marca toda uma geração, em meio a uma lista de filmes espetaculares como “Em Algum Lugar do Passado”, “Out of Africa” ou “Curtindo a Vida Adoidado”.

Tempo dos amores platônicos pela Dama de Vermelho, Sophia Loren ou Raquel Welch, para quem via 007 com o pai assim como eu. Bons tempos, mesmo o que era ruim, era bom! E não importa seu estilo, Rock ou Metal, Clássico ou MPB, o que se tinha à disposição era incrível.

Nesse tempo o Eduardo conheceu Monica e o João do Santo Cristo duelou com o Jeremias e viu o que foi “brincar com um Peixes de ascendente Escorpião” (quem consegue escrever uma cosa dessas hoje?!)

Tom Cruise em “Cocktail” (1988)

A gente foi pra faculdade e, devagarzinho, começou a ter as preferencias testadas; Oasis ou Radiohead? “Ice, Ice Baby” ou U2? Ah, eu queria de tudo na musica, e põe Pet Shop Boys no pacote para embalar as idas para Ubatuba.
A lista de filmes da época continuava espetacular.

Fomos namorar no cinema com “Lendas da Paixão” ou “Dança com Lobos” e em casa, mais clássicos; “Casablanca”, “Perfume de Mulher” (incluindo a versão em italiano) ou mijar de rir com Peter Sellers na “Pantera Cor de Rosa”.

É a época dos casamentos, e a playlist não poderia ser melhor; de Tim Maia a Barry White, “The Love I lost” ou “New York, New York”, sim, Sinatra já entrou na nossa vida, assim como o gosto por um bom scotch.

Entra em cena uma galera que está ai até hoje; Coldplay, Eminem e Black Eyes Peas enquanto U2 e Madonna seguem reinando e começamos a ver o povo de carreira curta e talento duvidoso sumir, como Britney Spears ou Crazy Frog.

Aqui a maioria de nós já está bem decidido do que gosta e já vem com um pacote de 20 anos de musica com as preferidas que não cansa de ouvir. Assistimos bons filmes como “Gladiador”, “Diário de Uma Paixão” ou “As Pontes de Madison” (olha as pontes ai de novo!), mas já voltamos com frequência para os clássicos

“Lost In Translation” (2003)

Sera que foi por aqui que a coisa descambou? Não sei.
Sei que depois disso o excelente fica raro e temos que nos contentar com o que é só “bom” enquanto Biebers e Anittas se juntam a Luan Santana e Wesley Safadão para encoxar nossos tímpanos. A lista das mais tocadas mais parece uma chamada oral de Festa do Peão, não fosse por uma Adele que no faz acreditar no impossível.

Os remédios passam a ser os grandes, que estão na estrada há anos, e nos fazem lembrar os bons tempos, os namoros, as festas e os foras. Passamos a olhar para trás para algum consolo, e para o futuro com sérias duvidas.

Assistimos os genios partirem; Mercury, Sinatra, Bowie, Aretha, Amy Winehouse. As festas no céu vão ficando cada vez melhores e a gente aqui tem que se apegar à quem fica.

O ultimo drink de Daniel Craig como James Bond

Nos tornamos “vintage” em um mundo em que genialidade tá acabando e tudo vai ficando sem graça. Pior é a quantidade de lixo fazendo sucesso. Triste o país de Vinicius, Tom e Caetano produzir Anittas e MCs semianalfabetos. Li uma frase outro dia que expressa bem meu sentimento; “Espero que a proxima tendência na musica seja talento”.

Enquanto isso, ainda que “Maverick” tenha feito seu último vôo com louvor, perdemos James Bond… Chorei no final do filme ao ver que os nossos heróis vão morrendo, de overdose ou não.

E o Elvis? Morreu mesmo… Infelizmente.

Me despeço hoje com duas gerações de muito talento e um clássico; Gregory Porter cantando “It’s Probably Me” de Sting.

De filme vai o trailer de “Elvis” pra você ficar com mais vontade e correr para assistir…

Cheers!

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