O que já não foi dito sobre o clássico “O Mito da Beleza – Como as Imagens de Beleza São Usadas Contra Mulheres “, da americana Naomi Wolf?

Lançado com muito barulho em 1991, essa obra icônica da chamada ‘terceira onda” do feminismo se transformou na principal referência de questionamento entre o culto à beleza e a identidade feminina.

Naomi Wolf lançou em suas páginas um manifesto contundente contra o poder da imensa indústria da beleza sobre nossa definição do que é belo, desafiando a chamada “conspiração cultural masculina para manter o seu domínio intacto”.

E não se fez de rogada: foi das primeiras a se rebelar contra a idéia de que para sermos consideradas belas temos que adotar o combo utópico: magras, jovens, pele linda, nariz pequeno e cabelos sedosos, além de apontar  sua artilharia para as revistas femininas e grandes marcas de beleza. Que segundo ela, ajudaram a definir um padrão eternamente impossível de ser atingido.

Não se enganem: Naomi Wolf é uma mulher linda, e aos 57 anos está mais bonita do que nunca. Teve também suas crises e questionamentos sobre a idade, porque afinal é uma mulher normal como todas nós.

 Quem esparava que Naomi não tivesse medo de chegar aos 50 anos, se surpreendeu com uma entrevista dada ao “The Washington Post’:

“Eu imaginava que envelhecer seria mais difícil. O script cultural nos doutrina que as mulheres perdem seu valor quando envelhecem, enquanto os homens nos trocam por versões mais novas”, Naomi confessa.

“Supõe-se que as mulheres maduras encarem a perda da juventude com angústia e deprimidas. Mas quando olho a minha volta não é essa a minha percepção: enxergo mulheres dinâmicas, magnéticas, com seu potencial pleno atuando fortemente. A ficção – desenhada em muitos aspectos como o “mito da beleza”- de que as mulheres se sentem menos poderosas aos 50, 60, 70 anos, é realmente só ficção.”

E Naomi vai além, quando revela que aos 26 anos temia o envelhecimento e a tão falada invisibilidade. Afinal, as normas sociais, quando se fala em  amadurecimento  feminino, são imensas: 

 “Sabe o que tenho notado mais e mais? Quem dita as regras agora  não são as mais bonitas ou as que seguem um padrão rígido e pré-estabelecido de “beleza”.  São as mulheres que atingiram  suas conquistas pessoais e profissionais, e as que têm seu carisma pessoal”, pontua ela. “Coisas que só a idade pode trazer”.

Sabemos que com os avanços da medicina estética, da indústria do wellness e de novos hábitos de vida, muitas de nós entram na maturidade mais bonitas e saudáveis do que quando tínhamos vinte anos. Isso tudo aliado ao desenvolvimento de carreiras profissionais, auto conhecimento, consciência do nosso potencial, criação de filhos ou amantes apaixonados, faz com que seja impossível querer uma troca pela nossa versao mais jovem.

Mesmo quando aparecem o primeiros fios brancos, é interessante olhar com certa generosidade para o espelho e pensar: “Ok, então é assim que vai ser’?

Naomi Wolf também faz parte do time que percebeu que leva mais tempo e mais esforço para o corpo reagir à academia. E que na maturidade, ter um corpo que pode nadar, correr, pedalar, fazer trilha e se aventurar nas posições invertidas da ioga é fonte enorme de gratidão. E que as inseguranças dos 19 anos parecem tão bobas agora que nos sentimos em casa na nossa própria pele.

“Eu perguntei a uma terapeuta que trabalha com muheres maduras se é verdade que ao envelhecer elas se tornam mais infelizes ou deprimidas com suas aparências”, Naomi finaliza.

“Esse é mais um mito – ela me respondeu. Agora é o momento em que elas sabem o que vestir com muito mais segurança. E encaram com sabedoria as tranformações da imagem refletida no espelho. São muito mais capazes de se soltarem e assumirem quem realmente são”.

Depois de ler esse relato de Naomi Wolf, que mesmo depois de escrever a bíblia feminista dos anos 90 também se preocupou ao chegar aos 50 anos, só uma coisa a dizer a quem ainda não está aqui: relaxem e aproveitem a jornada.

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