Viajar e fotografar são dois verbos tão conectados nos dias de hoje que praticamente viraram sinônimos. Ver e rever momentos congelados do passado é uma forma de viajar. Ainda mais durante a pandemia onde pouco viajamos e tivemos muuuuito tempo para vasculhar fotos de viagens passadas. Os cliques de viagens sempre estão entre os que mais emocionam, não é à toa que mais de 570 milhões de fotos no Instagram levam a hashtag #tbt.

A fotografia e a imagem de uma forma geral invadiram o nosso cotidiano após a invenção do celular com câmera fotográfica (o primeiro é de 1999) e a explosão das mídias sociais. A foto tirada neste instante pode ser postada na rede para todos em questão de segundos, seja ela incrível ou de pouca relevância.

Quem está na casa dos 40 ou mais, certamente lembra bem do demorado processo para você finalmente conseguir ver as fotos tiradas durante uma viagem. O filme tinha no máximo 36 poses e você só mandava revelar depois de chegar em casa porque o processo demorava 2 a 3 dias. Custava caro e apenas com as fotos reveladas nas mãos você percebia que enquadrou mal, cortou alguém na foto da família ou talvez esqueceu de tirar a tampa da máquina fotográfica explicando aquela foto toda preta.

A foto digital revolucionou a fotografia. Com as novas tecnologias o acesso à foto foi democratizado e todo mundo pode ter o seu momento fotógrafo. Eu recebi da minha família o apelido carinhoso de “o louco da foto” e nem tenho como negar.

#tbt

A quantidade de fotos postadas nas redes sociais todos os dias são impressionantes, muitas vezes fotos banais e sem sentido. E a foto com recorde de curtidas no Instagram segue exatamente esta linha. É a foto de um… OVO!

Uma foto de um simples ovo com mais de 55 milhões de likes!! Divertido e bobo ao mesmo tempo. Apenas confirma que a cultura dos likes pode e deve ser questionada. Mas, não vou me aprofundar nos exageros online dos tempos atuais.

As imagens que mais me encantam são as fotografias que contam algum tipo de história. Queremos dividir momentos especiais com amigos, familiares e também com seguidores. E muitas vezes entendemos a importância de um momento somente quando ele vira uma recordação em formato de fotografia. Uma história contada através de imagens é um pequeno filme e ganha destaque especial na nossa memória. “A fotografia pode captar a eternidade instantaneamente” já dizia o fotógrafo Henri Cartier Bresson. Pode ser algo fora do comum, mas muitas vezes um simples momento do dia a dia basta quando é autêntico. Selecionei dois momentos das minhas fotos de viagem para contar as histórias.

#tbt

Perseguição de ursos
Aconteceu no Canadá há 4 anos enquanto eu dirigia pela maravilhosa estrada Icefields Parkway que liga as cidades de Banff e Jasper passando pelas Montanhas Rochosas. Placas de trânsito alertam sobre animais selvagens que podem cruzar a estrada.

Se no Pantanal brasileiro o visitante sonha em ver a onça pintada, aqui o objeto de desejo é o urso pardo. E de repente vi de longe uma enorme mancha preta às margens da estrada. Chegando perto entendi o tamanho da minha sorte.

Parei o carro no acostamento para observar e clicar este lindo e imponente animal. As minhas expectativas foram completamente superadas. Mas o que estava por vir seria digno de documentário da National Geographic.

Do outro lado da estrada apareceram dois ursos, um de cor preta e outro de cor marrom. Abandonei o primeiro urso e comecei a clicar estes dois. Do nada começa uma correria, o urso marrom sumiu subindo uma árvore e o outro foi atrás.

Uma aula de como escalar uma árvore em segundos. O urso marrom já estava quase no topo da árvore. Não entendi se era uma briga territorial, mas achei que assistiria de camarote à um combate de ursos na árvore. Exagerei na fantasia, porque isso não aconteceu. O urso preto era maior e mais pesado e ele foi obrigado a interromper a caça porque os galhos mais finos próximos do topo já não suportavam o peso dele.

Ele ficou observando o urso marrom acima dele por um tempo. Literalmente, cada urso no seu galho. Nada mais aconteceu e depois de alguns minutos o caçador desistiu, desceu da árvore e sumiu na floresta. Sorte de principiante ter visto e registrado esta cena, com certeza uma das minhas melhores histórias de observação de animais selvagens.

#tbt

Almoço em Hong Kong
A minha segunda história da foto poderia levar o título: “O pior almoço da minha vida”. Estávamos visitando a Ilha de Lantau para conhecer o Giant Buddha, recém inaugurado na época (começo dos 1990). Uma estátua impressionante toda de bronze e com mais de 30 metros de altura. O turismo não era tão globalizado como nos dias de hoje e não existia variedade de restaurantes em lugares remotos.

E na ilha existia apenas um restaurante na região do porto. Eu classificaria o local como uma espécie de precursor de um restaurante raiz. Fazer o pedido do almoço foi muito divertido porque a garçonete sorria o tempo todo para nós. Quando você não entende nada, é melhor sorrir também, porque o riso é universal e desperta boas sensações. A única coisa que ela entendeu de imediato foi a Coca Cola que eu pedi.

Rapidamente serviram várias cumbucas com ensopados estranhos e uma travessa de arroz. Rimos de nervoso tentando adivinhar o que boiava nos ensopados. E ninguém quis arriscar por medo de ter um piriri. Ficamos apenas no arroz seco com um pouco de verdura. Pagamos e saímos do restaurante rindo. Ainda um almoço inesquecível quase 30 anos depois!!

Você também já bateu alguma foto que captou um momento especial durante uma viagem? Poste aqui nos comentários o link da sua foto publicada no Instagram com uma descrição, marque a nossa conta @inconformidades45mais, ou use a hashtag #inconformidades45mais, que vamos compartilhar algumas das fotos e histórias no Stories!

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8 comentários
  1. Que texto legal, ao mesmo tempo, que aguça ainda mais a minha vontade de viajar.
    Ideia incrível e eu já mandei a minha história com as cobras que encontrei em Marrakesh.

  2. Que idEia bacana! Que texto bom! Muito obrigada. E la vou eu te procurar no pinterest… Beijo, querido! É você, comendo lá em cima? Zucker!

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