Há tempos (nem sei mais quando, a pandemia me roubou a noção do tempo) quando eu pensava em férias eu automaticamente pensava em viagens. Qual destino, qual hotel, quais restaurantes (amo comer) e quantos dias.

Ultimamente eu estava precisando muito de férias e por incrível que pareça, as minhas férias dos sonhos não estavam atreladas à nenhuma viagem ou destino especial (ainda bem porque a pandemia não permitiria). Na verdade o meu relaxamento idealizado precisava de apenas um elemento, ou melhor da falta dele: ausência do celular.

Tenho uma relação de amor e ódio com a nossa vida mega conectada, amo estar por dentro de tudo que está acontecendo no mundo e também a minha profissão exige isso. Por outro lado, o celular e mais especificamente o Instagram tem um efeito viciante e prostrador que me incomoda profundamente.

É como se eu não fosse dona do meu tempo, um simples aparelhinho consegue me sugar de uma forma que me faz desejar coisas que não preciso e me tira o presente e a presença. Inclusive “ficar menos nas redes sociais” foi uma das pouquíssimas metas que eu me impus esse ano.

Fui para uma casa mega aconchegante em Atibaia e por uma semana só olhei mensagens urgentes do WhatsApp. Nunca me senti tão feliz e livre. Pode parecer piegas mas encontrei folhas em formato de coração e ouvi o canto dos dos pássaros como há tempos não prestava atenção.

Eu sei que a tecnologia é irreversível e tem milhares de benefícios, entretanto a “economia da atenção” nos rouba de nós mesmos e dos outros. É utópico pensar que ficaremos longe das redes, porém exercícios como esse são essenciais para acordarmos para o perigo dos nossos hábitos, ou melhor, vícios.

O que eu mais gostei dessas férias? Da liberdade dos meus pensamentos… Deitava na rede e ficava horas conjecturando sobre o nada, um verdadeiro “dolce far niente” à moda antiga.

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