Paris é a porta de entrada para muita gente na Europa, e comigo não foi diferente. Na primeira vez que estive na cidade, em 1991, me apaixonei e decidi que voltaria muitas vezes e que um dia, quem sabe, moraria aqui. E o Universo atendeu ao meu desejo.

E foi numa viagem com três amigas para a Croácia – via Paris, como sempre – que conheci meu atual marido, o artista plástico Liam Porisse. Eu estava divorciada há 4 anos, com filhos ainda pequenos, trabalhando, saindo e viajando com amigas. Foi na casa de uma delas em Paris, casada com o irmão gêmeo do Liam, que nos vimos pela primeira vez.

No mês de agosto de 2012, um mês após nos conhecermos, Liam foi para São Paulo e começamos a nos relacionar, mas eu ainda não estava “muito” animada, até que as conversas pelo Messenger do Facebook começaram.

Em outubro de 2012 vim para Paris e vivi um dos melhores momentos da minha vida, namorando e curtindo o outono dessa cidade maravilhosa na garupa da Scooter do Liam. Desde então não nos separamos mais, até que em setembro de 2020, com meus dois filhos já morando na Europa, decidi me aposentar no cargo de Desembargadora Federal e mudar para essa cidade maravilhosa.

Liam ama o Brasil, nossos amigos, ama pescar e aprecia muito a comida brasileira. Mas a realidade é que Paris é uma cidade maravilhosa para se viver. Mesmo tendo vários problemas, é uma cidade muito humana, ou, como  Liam gosta de dizer, “cidade planejada para as pessoas e não para os carros”.

Para ele, Paris é “feminina” e Londres é “masculina”, e eu comecei a aprender que o artista se expressa de maneira diferente, suas emoções não são verbalizadas, mas sim colocadas na tela. Com toda essa mudança de “perspectiva”, eu também passei a ser mais compreensiva com uma série de coisas: como disse o poeta , escritor e critico de arte  Ferreira Goulart, “A arte existe porque a vida não basta”. E eu me apaixonei pela arte, passei a fazer parte de alguns grupos em São Paulo que visitavam galerias, exposições e atelier de artistas e a frequentar feiras de arte no Brasil e no exterior. 

Hoje vejo como a arte foi importante para o início de um processo de autoconhecimento que segue, e espero que me acompanhe até o final dessa jornada. Interesses diferentes do Direito – mas conectados de alguma forma – passaram a surgir “do nada” e muitas pessoas inspiradoras e curiosas passaram a fazer parte do meu caminho.

E foi assim, aos poucos, que me preparei para a aposentadoria após quase 30 anos na magistratura federal.

Agora estou aqui, nessa cidade maravilhosa que tanto amo, com meu amor e meus filhos por perto, novos projetos e com muita vontade de compartilhar com vocês coisas bacanas dessa cidade, de A a Z. Não muito óbvias, e que possam enriquecer (who knows?)  a viagem de vocês, sempre lembrando que Paris não tem e nunca terá – a meu ver – um guia definitivo. É uma cidade tão “densa” (como diz meu marido artista) que é quase impossível penetrá-la.  Paris precisa ser sentida e vivida, sem pressa e sem regra. Apenas se perca. 

Você vai amar!!

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