Já compartilhei com vocês meu primeiro desastrado date com um homem que conheci no Tinder e também dei algumas dicas de como melhorar seu perfil nos apps de relacionamento para ter mais sucesso nos matchs. Hoje vou falar sobre a importância de pesquisar mais sobre as pessoas com quem decidimos tirar do app para a vida real. Quase ao ponto de virar uma detetive amadora.

Depois de três anos me aventurando nos aplicativos de relacionamento, confesso que desenvolvi algumas técnicas para fugir de ciladas. Afinal, ninguém quer colocar um maluco ou um psicopata para dentro de casa, não é mesmo? Então, vou compartilhar algumas técnicas que uso para me proteger um pouco e tentar evitar experiências ruins.

A primeira delas é simples: converse bastante com a outra pessoa antes de marcar um primeiro encontro. Mas é para conversar mesmo. E prestar atenção no que está sendo dito. Busque incoerências. Muitas vezes a pessoa diz que trabalha em determinado bairro, na semana seguinte já diz que é em outro local. Desconfie!

Preste atenção nos horários que a pessoa está mandando mensagem. E não, não é besteira a questão do horário. A quantidade de homens casados ou comprometidos nos apps é enorme. Longe de mim fazer qualquer julgamento, minha vidraça é enorme, mas eu não quero me relacionar, ainda que ocasionalmente, com ninguém comprometido. Então, se percebo que o homem some aos finais de semana, só envia mensagem em horário comercial, a luz amarela é acesa com força. O sinal de alerta está dado.

Se possível, tente descobrir o nome completo da pessoa. E essa é uma informação muito importante. Com o nome completo, você deve ir ao Google e fazer uma busca. É possível descobrir quantos processos a pessoa tem, em quais varas. É na vara criminal? Já meto o pé. Certa vez descobri que um homem super inteligente e bom de papo tinha pendurado em suas costas a Lei Maria da Penha. Por que seguir me envolvendo com ele? Bloqueei imediatamente. Fujo de problemas. A gente consegue saber se a pessoa tem muitas dívidas, se é do tipo que sai processando todo mundo por qualquer problema.

Mas, calma, nem sempre é problema. Você também pode descobrir uma pessoa incrível, ler as teses de mestrado ou doutorado dela, por exemplo. Já me deparei com perfis muito interessantes e um deles, em especial, mexeu comigo. O homem, veja bem, tinha entrado na justiça para reconhecer a paternidade da filha e, no processo, ele fazia questão que a menina tivesse seu sobrenome. Ele já tinha me contado por alto que tinha engravidado uma amiga em uma relação casual e que sofria porque não tinha muito contato com a menina de dois anos. Então, ter descoberto que partiu dele buscar o reconhecimento da paternidade me fez ter um olhar mais carinhoso sobre ele.

Aliás, a forma como os homens falam de seus filhos e de suas ex-mulheres é algo que também deve ser observado. Se o cara não é um pai presente e não faz questão de ser, já risco do meu caderninho. Se diz que a ex é maluca e, por isso separou, também corto. Precisamos levar a sério a questão da sororidade. Se fez com uma, pode fazer comigo. E eu fujo de homens problemáticos e agressivos.

Como já disse em outra coluna, para mim, a questão política é crucial. Eu não conseguiria levar adiante uma relação, ainda que casual, com alguém que pensasse muito diferente de mim. Não precisamos votar nas mesmas pessoas, mas temos que ter alguma afinidade no tema. Não sairia com homens homofóbicos, por exemplo, e é importante levantar questionamentos a respeito para ver qual é a opinião dele. Sabendo perguntar, a gente descobre bastante sobre a outra pessoa. Vale dar aquele confere nas redes sociais, ver o que a pessoa posta, como se comporta.

E tem uma dica super importante. Baixe as fotos que o homem coloca no app ou as que ele tenha te mandado no whatsapp e jogue no Google Imagens. Já descobri homens que usavam fotos de outros. Golpe mesmo. A maioria diz que é estrangeiro. Devem achar que as brasileiras estão doidas por um green card. Mas, esperta que sou, dou corda. Começo falando em inglês. Quando é fraude, logo eles passam a escrever com erros de inglês ou mesmo em português e todos fogem de chamadas de vídeo.

Os que insistem na farsa, cedo ou tarde vão pedir algum dinheiro emprestado. Então, por favor, fiquem ligadas, não emprestem dinheiro para ninguém que você conheceu apenas pela internet. Uma grande amiga, de quase 60 anos, quase caiu nesse golpe. Quando ela me contou, já estava apaixonada pelo tal americano. Eles se falaram por quatro meses, ele enviava fotos da vida com os três filhos, era viúvo, viajava sempre para o Brasil. E ela foi se envolvendo. Todos os dias ele mandava mensagens para ela, demonstrava ter interesse na rotina dela.

O encantamento é natural, entendo, mas temos que manter o radar sempre alerta. Assim que ouvi a história, pedi o nome e as fotos dele e pá, descobri a farsa. Ele usava as imagens de um inglês e muitas mulheres já tinham caído no golpe. Algumas se organizaram em um site para tentar desmascarar o falso americano. Reuni todas as informações, os prints das conversas, as fotos roubadas, TUDO. Imprimi e entreguei para ela. Insisti para que ela fosse até uma delegacia, mas ela estava arrasada e preferiu não prestar queixa. A meu ver, um erro. Mas não posso obrigar ninguém a fazer o que não quer.

Você pode estar chegando ao fim do texto e achando que sou exagerada. Mas não sou. Sei que, mesmo tomando todos os cuidados, posso cruzar com algum maluco. Então, evito. Faço o que posso para me preservar, mesmo que tenha de ser uma detetive amadora. Quando coloco um homem na minha casa é porque tenho 80% de certeza que ele é gente boa. Pode não ser? pode. Mas não vou deixar de viver por medo. Acho que, com alguns cuidados, conseguimos ter bons encontros e até fazer grandes amigos.

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