As sessões de fisioterapia terminam. Seguem alguns encontros furtivos com o fisioterapeuta, poucos minutos dedicados a um ato sexual corrido, onde só ele atinge o ápice. Leila sente grande atracão por André, pela situação em si, sempre fica muito excitada, mas não goza – e sente-se frustrada, usada, após cada encontro. Entende que André é extremamente egoísta e que não sente nada por ela, além de tesão.

André convida Leila para ir a um clube de swing, mas ela, embora muito curiosa, não aceita o convite, pois não confia naquele homem. Tem medo de que ele, ao chegar no clube, a deixe só e vá ter com outras mulheres. Inspirada no convite de André, Leila decide conversar com seu marido Oswaldo sobre o assunto e – quem sabe? – convencê-lo a ir a uma casa dessas com ela. Ao ouvir a sugestão de Leila, Oswaldo concorda em ir, embora não muito entusiasmado. Leila fica extremamente feliz, acredita que talvez assim possa salvar aquele casamento que sente prestes a acabar, embora não seja este o único motivo do fracasso.

Leila veste, por cima da minúscula calcinha preta, um longo vestido de crochê cor-da-pele, que mais deixa à mostra do que cobre seu corpo perfeito. Sandálias de salto altíssimo em verniz preto, compradas especialmente para a ocasião, os cabelos castanhos longos brilham soltos como que espelhando a excitação de Leila. Ao chegar no clube, o olhar de Leila logo encontra os olhos de um lindo e jovem casal: ela loura, esbelta, elegante, mesmo estando quase nua; ele vestindo um sarongue de couro preto, deixando à mostra seu corpo musculoso. Troca de olhares.

Oswaldo parece estar à vontade, assim como Leila. Após deliciarem vagarosamente um drinque, resolvem subir para o andar de cima, onde fica o “playground”. Grandes camas em ambientes abertos com espelhos no teto, tudo decorado com muito bom-gosto, séparées com diversos tipos de “brinquedos”. Tudo aquilo excita Leila, que, ao entrar em uma das salas, depara com o casal que havia visto no bar. O homem se levanta e, muito carinhosamente, toma a mão de Leila e a puxa para si. Leila dirige o olhar para Oswaldo, como que pedindo sua permissão para ir ter com aquele homem. Oswaldo não contesta e larga a mão de Leila, a deixando ir.

A mulher loura do casal vai de encontro a Oswaldo e o acaricia, tentando beijá-lo – ele se entrega. Portanto, só por um curto período, pois logo puxa Leila para si e os dois saem abruptamente daquela salinha. Oswaldo está extremamente irritado, diz que aquilo tudo não é o que ele quer, que não consegue ver sua mulher sendo acariciada por um outro homem. Quer ir embora dali e é o que fazem, para grande desgosto de Leila, que estava adorando a nova experiência.

No caminho para casa, Oswaldo deixa claro que jamais voltará a uma casa de swing, está mesmo muito zangado e ciumento. Ao contrário de Leila, que jamais sentiu tamanha excitação como naquela noite. Após várias semanas de reflexão e muitas tentativas de conversa com o marido, Leila percebe que os dois se desenvolveram, com o passar dos anos, em diferentes direções – não só no plano sexual. E decide se separar do marido.

Leila aluga um apartamento e vai morar sozinha com o filho – inscreveu-se em diversos portais de relacionamentos na internet à procura de um novo amor, alguém que combine com ela em diversos aspectos e que seja curioso e aberto com relação à sexualidade. Após quase dois anos de muitos encontros com os mais diversos tipos de homens, ele conhece, online, Wolfgang, seu atual marido.

Wolfgang é um homem de excelente caráter, bem-sucedido e muito generoso, há anos frequentador assíduo de clubes de swing e festas libertinas. Seu fetiche é ver sua mulher, Leila, linda, sexy, sendo cobiçada por todos. Generoso que é, Wolfgang oferece à Leila tudo o que uma mulher pode desejar: atenção, carinho, respeito e muitos, muitos presentes. E ela aceita. Ela, que desde sempre lutou pelo pão de cada dia, aceita ter uma vida confortável, sem preocupações, com tempo suficiente para si e para seu filho, que está então numa idade difícil, adolescente, precisando de atenção.

Mas, passados os anos e a excitação que todo relacionamento novo traz, passadas as festas, as experiências inesquecíveis, Leila perde as esperanças de que Wolfgang possa satisfazê-la na cama. Embora ele seja um homem muito carinhoso, dono de um corpo perfeito, alguma coisa impede que Leila fique excitada por ele, assim, nunca atinge o orgasmo quando fazem amor. Leila sacia sua sede de sexo quando estão com outros casais, outros homens, outras mulheres.

Até que veio a pandemia e com ela, o fim das festas, de encontros com outros. Agora é Leila e Wolfgang, só os dois. E Leila finge. Desde o primeiro encontro com Wolfgang, Leila fingiu sentir tesão e prazer com ele, na esperança de que aquela situação fosse ficar diferente com o passar do tempo. Talvez tenha sido este seu grande erro. Mas… como mudar isto depois de mentir e fingir por tantos anos? Leila não quer correr o risco de perder Wolfgang. Pois fato é que, diferente de todos seus relacionamentos anteriores, Leila continua feliz ao lado de Wolfgang.

Assim, Leila descobriu: existe sim, sexo sem amor. Mas amor também pode existir sem sexo. Para Leila, são duas coisas diversas, independentes uma da outra. E para você? Na sua opinião, o que Leila deveria fazer: dizer a verdade para Wolfgang e pôr fim ao sonho do marido, talvez arriscando mudar completamente suas vidas? Ou continuar fingindo, mantendo o relacionamento, tão enriquecedor para os dois? Pedras ou palmas para a Leila?

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