“The gin and tonic has saved more Englishmen’s lives, and minds, than all the doctors in the Empire.” Sir Winston Churchill.

Soldados Britânicos na India tomando uma dose de quinino

Eu sempre fui um entusiasta dos destilados, whisky principalmente. O vinho sempre foi um ocasional quando acompanhado ou no almoço da família, e cerveja no calor. Para mim gin era “beber perfume”. Tolinho eu. Foi só aprender a fazer um bom Negroni e Martini e me rendi aos encantos dele, o gin.

Acabei pesquisando mais sobre esta bebida que já foi tida como o fim da vida do alcoólatra e que hoje é o queridinho das mulheres. A história do gin tem suas peculiaridades, o que já o torna tão interessante quanto outras bebidas.

Vamos às origens. Como a bebida é originalmente destilada do zimbro, o nome vem de geniévre –zimbro em francês- alterada pelos Holandeses para genever e encurtada para gin pelos ingleses… Dizem que eles ficavam tão bêbados ao tomar que não conseguiam pronunciar a palavra inteira, então “gen” virou “gin”.

A origem da receita com zimbro é atribuída á um professor holandês do século XVII que fez um destilado com propriedades medicinais e diuréticas. Na verdade, monges italianos no século XI já faziam um tônico a base de vinho e zimbro.

A coisa estourou quando levaram o gin para a Inglaterra no séc XVII. Teve por lá uma “guerra dos destilados” com embargo ao conhaque francês. Como o gin era muito fácil de ser destilado, o consumo explodiu, e com ele os problemas…

Alguns estudiosos atribuem o problema ao elevado teor alcoólico do gin, resultante da destilação caseira. Importante destacar que a bebida na época estava longe de ser o agradável destilado de ervas que temos hoje, mas sim um “moonshine liquor” que batia fácil a graduação de 60% ao contrário dos 43% ou 47% que temos em um gin comum. .

Outro ponto que contribuiu para a loucura foi o fato de ter uma destilaria em qualquer quintal, enquanto a cerveja era produzida em locais mais estruturados. Chegou ao ponto de que um “pint” de gin era mais barato do que um de cerveja!… E o povo bebia tanto que acabava ficando “louco” ou até morrendo.

As diferenças entre a “Beer Street” (esquerda) e “Gin Lane” (direita)

A “Gin Craze” durou uns 5 anos até que em 1751 o governo inglês baixou o “Gin Act” aumentando os impostos e taxas para destilarias e reduzindo as taxas da cerveja e do chá. Com isso, no inicio dos anos de 1800 o consumo de gin caiu – juntamente com as loucuras – e a Inglaterra voltou a ser um pais de cervejeiros.

Na mesma época dois adventos contribuem para o retorno do gin. O primeiro é a invenção de um método de destilação que permitia uma bebida mais pura. Em segundo lugar, o fato de que marinheiros ingleses partiam para campanhas em lugares onde a malária era letal. Para combatê-la faziam uso do quinino, transformado em tônica –água gasosa e açúcar – para ser mais tolerável de beber.

Como os marinheiros gostavam de gin, o casamento dos dois foi inevitável. Com um pouco de limão então para tornar a coisa mais agradável e… Bum! Nasce o gin tônica! Dai para frente cresce a paixão dos ingleses pela bebida, agora associada a um consumo mais prudente e uma graduação alcoólica mais tolerável dos que os cinquenta e tantos por cento anteriores.

Multiplicaram-se as destilarias e receitas com variação de ervas adicionadas aliadas a métodos únicos de destilação e mistura dos botânicos. O Monkey 47 por exemplo leva o nome pelos 47 ingredientes diferentes que um ex-piloto inglês encontrou na floresta negra na Alemanha. Uma das marcas que vale provar e ter em casa.

Já os “London Dry” gins levam o nome pelo método único de produção – que não permite adicionar nada depois da destilação – e por serem transparentes e brilhantes, com sabor encorpado. Beefeater, Tanqueray, Gordon´s são alguns conhecidos, assim como o saboroso At Five (At V) ou o “Portobello Road Gin”.

The Distillery em Londres

Inclusive, quem passar por Londres, vale a pena visitar The Distillery, em Portobello Road. Os encantos do gin não ficariam restritos ao gin tônica.

Já nos idos de 1900 aparecem as primeiras receitas clássicas com a bebida e as mulheres já aparecem como publico alvo..

Dizem que o primeiro foi o “Tom Collins” – 2 partes de Gin; 1 parte de suco de limão fresco, ½ de xarope de açúcar, completa com Club Soda – servido em um copo longo, para quem não gosta, como eu, de ficar segurando aquele “ balde” de gin tônica.

Meus preferidos Dri Martini e Negroni vieram logo atrás e são clássicos que resistem ao tempo até suas recentes variações no Vésper e White Negroni.

A relação do gin com as mulheres também vem de longa data. Na ausência de champagne, os drinks com gin eram os preferidos das mulheres na época da Proibição, quando podiam elegantemente tomar um cocktail nos “speakesies” ou bares escondidos.

Quem não se lembra dos coquetéis rolando solto nas festas do “Grande Gatsby”? O Gin faz suas aparições também em “Breakfast at Tiffanys” e no clássico “Casablanca” quando Ingrid Bergman escolhe entrar no bar the Humphrey Bogart que murmura o clássico: “…Of all the gin joints in all the towns in all the world she walks into mine…”

Um pouco de cuidado ainda vale, uma vez que o gin não deixou de ser uma bebida com graduação alcoólica respeitável e, a mistura com tônica, limão ou vermouth tende a aliviar seu paladar, mas não seus efeitos! Vou até ali tomar um Vésper, segundo a receita tradicional de James Bond em “Cassino Royale”.

E, para acompanhar meus Martinis ou Negronis nada melhor do que jazz ou soft rock… A playlist do Inconformidades está excelente e tem até Jason Isbell com “Songs That She Sang in the Shower”.
Cheers!

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