Meu nome é Priscila Arruga, tenho 42 anos de idade e sou formada em Pedagogia pela PUC/SP. Hoje trabalho como professora de educação infantil, mas por 15 anos trabalhei com um pouco de tudo, desde secretária bilíngue a gerente de restaurante. Já fui dona de um também e trabalhei como baby sitter. Fui casada com um advogado italiano e por alguns anos morei em Turim. Ou seja: ecletismo me define.

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Minha relação com meu corpo sempre foi bem tranquila, nunca fui paranóica com meu peso.

Não sou daquelas mulheres que mesmo de férias querem malhar, mas como não tenho carro, sou uma pessoa bastante ativa -mesmo nos meus momentos de preguiça.

Já a minha relação com a comida é de puro amor: amo comer bem, cozinhar para os amigos e ficar sentada na mesa por horas, bebendo vinho e ouvindo música boa.

Detesto comidas industrializadas, não como congelados, amo todas as frutas, verduras e legumes, mas óbvio que ponho o pé na jaca também. Adoro um pastel, um doce quando é bom me chafurdo nele.

Quando cheguei aos 42 anos, achava uma bobagem essa história de que o metabolismo diminuía, que era mais difícil emagrecer ou manter o peso. Hoje vejo que não. Que se não se cuidar é só ladeira abaixo mesmo – sinto isso porque me vi ganhando mais de 10 quilos nos últimos anos.

Procurei então um psiquiatra para finalmente tratar a minha ansiedade -forte causadora de algumas compulsões que eu tenho- mas a tentativa com a Sertralina não foi bacana.

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Hoje sei exatamente quando estou descontando alguma coisa na comida -algumas vezes me controlo super, e outras que toco um f… mesmo.

É LEGAL? Não, não é legal tocar um dane-se porque se trata da minha saúde. Aliás, um ponto interessante é que, apesar de estar com sobrepeso, não tenho diabetes, colesterol ou pressão alta. Meu organismo funciona muito bem, meu intestino também, mas meus músculos e ossos já não.

Há pouco tempo descobri que tenho fibromialgia, e a recomendação do reumatologista foi praticar esportes -sem jamais parar.

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Preciso agora adquirir esse hábito mesmo- com rotina e sem ser esporádico, porque só assim algumas dores que me acompanham podem melhorar.

Desde que percebi as mudanças do meu corpo, comecei a aceitar que não teria mais o mesmo de quando eu tinha 20 ou 30 anos. Até mesmo pelo meu estilo de vida.

Comecei então a me olhar com mais carinho. E que sorte enorme a nossa, mulheres grandes, que o comércio de roupas e biquínis está começando a nos enxergar como grandes consumidoras.

Mas eu digo aqui que mesmo anos atrás, quando estava 20 kg mais magra, o G das lojas já não me servia direito. Biquíni então, nem se fala. Sempre tive seios grandes, e encontrar algum biquíni em que coubesse tudo lá dentro, uma missão impossível.

Eu só ainda não encontrei AQUELA marca de roupa pra chamar de minha. Eu adoro alfaiataria. Uma boa camisa branca não encontro. Todas que vejo abrem nos meus seios. Calça com aquele tecido mara nem se fala. Acho maravilhoso as mulheres grandes se vestirem de uma forma mais sexy, mostrarem suas curvas, mas eu não gosto desse estilo, sempre fui mais clássica. Quem sabe um dia eu não crie a minha própria marca? Já que fiz tanta coisa nessa vida!!!

O processo está bem difícil, porque estou também na perimenopausa. Metabolismo lento, terei que fazer reposição hormonal. Preciso diminuir a quantidade de comida, não repetir…

Mas eu sei que eu sou assim agora, e não acho que meu corpo está feio, mesmo, mas também não acho que está maravilhoso. Tem partes dele que eu amo e outras não.

Essa aceitação vem de uma construção de amor próprio que demora, porque temos sempre essa “pressão” e muitas vezes vem da família. E machuca. O que acontece no cotidiano de cada um, dos esforços que fazemos, ninguém faz a menor ideia. As pessoas não tem o direito de achar que só porque a pessoa está gorda ela é desleixada e preguiçosa.

Estou agora no caminho de tentar entrar no mercado das modelos Plus Size, não que eu super glamourize a carreira de modelo, mas adoraria representar cada vez mais as mulheres que se amam, parar mesmo com a gordofobia. Isso é triste.

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No ano passado criei um perfil no Instagram para começar a divulgar fotos minhas, naturais, profissionais, e queria também mostrar um pouco do meu processo de emagrecimento, uma mulher de 42 anos e na perimenopausa. Que faz reposição hormonal e está no caminho de se tornar uma modelo curve maravilhosa e ter mais saúde nos meus joelhos e calcanhares.

Tudo sem paranoias, sem padrões bobos, sem glamourização e sem pretensão. Mas acho super bacana estar tentando encontrar o equilíbrio porque afinal tudo que é em excesso eu abomino.

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