Ela conquistou diferentes “tribos” como se fossem todas locais. É cosmopolita e tão democrática que não dá ouvidos aos que insistem na conversa fiada sobre a ausência de esquinas em suas superquadras. E porque se preocupar com isso, se há tantos botecos, arte e vida em todos os seus quadrantes? Quem se preocupa com as esquinas se pode ter tanto horizonte, tanto céu azul com raras nuvens, tantos ipês, mangueiras, buritis e uma arquitetura única? Assim é Brasília, a charmosa capital 60+, menina dos olhos de JK e pela qual sou uma apaixonada. 

Cobogós

Com sua arquitetura singular também abriga um elemento arquitetônico que, embora não tenha nascido na capital do país, foi amplamente difundido por um de seus criadores, o arquiteto Lúcio Costa. Me refiro aos tradicionais cobogós, apreciados por 10 entre 10 arquitetos. Sou tão apaixonada por esses “arabescos urbanos”, como diz a arquiteta Adriana Giacometti, que ninguém me convenceu a dispensar um aqui em casa. Afinal, na capital que também é dos cobogós eu não poderia me furtar de ter um iluminando e ventilando todos os ambientes, dando um toque vintage à sala com  pé direito alto, deixando o sol da manhã chegar de mansinho. 

Assim como eu, as  jornalistas Graça Monteiro e Marita Cardillo, ambas moradoras de apartamentos localizados em superquadras consideradas as mais antigas  da capital, na Asa Sul da cidade, têm a sorte de contarem com cobogós estilosos em seus apartamentos. 

Cobogós

A ventilação e a luz direta chegam à agradável cozinha na cor amarela do apartamento de Marita por conta do tipo mais tradicional de cobogós: o de concreto, construído na década de 1960. Seu formato retangular permite, ao mesmo tempo, robustez e leveza ao ambiente. 

Os diferentes tipos de cobogós também dão um toque diferente no décor. Pensando nisso, Graça Monteiro utilizou esse elemento entre a sala de estar e a cozinha, limitando com criatividade os dois ambientes do seu apartamento.                                              

Os prédios na super quadra onde mora a jornalista Graça têm a fachada decorada com cobogós de cerâmica rústica, combinando com tijolinhos à vista. Lá, as flores se esgueiram a bisbilhotar a vida da vizinhança  pelas frestinhas dos cobogós. Lá, o sol se despede deixando rastros de luz em cada buraquinho dos cobogós.       

Também apaixonada por cobogós, Lourdinha Parente é autora de um dos mais ricos acervos fotográficos sobre eles na capital do país.Mas afinal, como surgiram os cobogós? Por que ganharam essa denominação ? Por que tanta gente aprecia esse elemento vazado?

Para saber um pouco da história deles conversei com a arquiteta Adriana Giacometti, também colunista do Inconformidades. Confira a entrevista dela aqui no meu podcast Deva de Prosa.

3 Shares:
18 comentários
  1. Para quem é pioneira de Brasília, foi gratificante ter sido brindada com algo tão familiar e querido como cobogó. Mais ainda, pelo interesse de quem, como a Deva, tem outras raízes culturais, mas possui um carinho especial para os belos detalhes e recortes significativos de nossa cidade.
    Só senti falta de uma coisa: os créditos das fotos.

  2. Parabéns pela reportagem!
    Não conhecia a diversidade dos Cobogós e como podem deixar o ambiente charmoso, independente se em apartamento ou casa.
    Brasília nossa capital com seus encantos conquistando o coração de uma gaúcha.

    1. Excelente matéria! Os cobogós fazem parte da minha infância, porque no Nordeste é comum as casas terem mei parede e outros ambientes arejados por esse material bonito, versátil e que nunca sai de moda.

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também pode gostar:
Liberdade
Saiba Mais

Sobre a liberdade

Quanto mais “eu” puder ser na caminhada pré-50, maior será o mundo. Merecemos liberdade, por vivermos uma existência intensa e complicada.