Carolina Pucci, minha amiga e co-fundadora da MyBasic, acabou de receber o selo de empresa B e por isso ela é a minha entrevistada desse mês!

Antigamente o que definia o sucesso de uma empresa era o quanto ela gerava de lucro para os seus acionistas, o chamado capitalismo de shareholder. Hoje isso continua sendo importante, mas outras questões também são levadas em conta: como essa empresa trata os seus colaboradores, como ela se relaciona com o meio ambiente e também qual é o papel dela na sociedade. Esse conceito mais amplo se chama capitalismo de stakeholder, justamente por trazer uma visão mais ampla da função das empresas.

Existe um movimento global chamado B Corporation que certifica empresas que estejam alinhadas com esses conceitos de inclusão e sustentabilidade. Não é um processo fácil nem rápido, por isso temos que celebrar e prestigiar aqueles que conquistam esse “título” como a MyBasic!

1- Carolina Pucci, conta para gente um pouquinho da história da marca.

Em 2012, a MyBasic foi pioneira ao lançar um e-commerce com foco exclusivo na moda básica premium. Um dos objetivos era criar uma marca que não impusesse padrão às mulheres. A ideia é ter liberdade para se vestir como se quer, com seu próprio estilo, a partir de peças com design atemporal, tecidos de alta qualidade e preços justos. Havia ainda outro, talvez até maior, intangível e de longo alcance: como impactar positivamente uma indústria, que está entre as mais poluentes do mundo e tem na utilização da mão obra incorreta outro grande problema? O desafio era enorme.

Nesses quase oito anos, entendemos que a sustentabilidade é um objetivo constantemente perseguido em um caminho com muitas etapas. Esse é um princípio que atravessa toda a cadeia produtiva -e inclui iniciativas ecologicamente corretas, socialmente juntas, culturalmente diversas e economicamente viáveis. Foram muitas horas pensando em como ser uma marca realmente diferente. Mais do que isso, impactarmos para fazer a diferença.

Manter a produção no Brasil, buscar uma relação justa com a mão de obra, respeitar os princípios do movimento slow fashion, usar fibras naturais e tecnologias para diminuir o impacto da nossa atividade são algumas ações que nos acompanham desde o início. Mas o caminho é longo e descobrimos questões novas todos os dias.

2-Desde que eu conheci a MyBasic eu sempre a identifiquei com os conceitos de sustentabilidade. Como e porque vcs tiveram a ideia de obter a certificação?

A sustentabilidade sempre fez parte da nossa essência; acreditávamos que aquela era a melhor (ou única) forma de fazer as coisas. Os processos e valores em relação a isso foram nascendo naturalmente e só foram se consolidando e solidificando com o tempo. Talvez nós mesmas não tivéssemos noção, lá atras, do quanto já estávamos alinhadas com vários princípios do sistema B.

Resolvemos obter a certificação quando percebemos que, de uma hora para outra, várias marcas, não só do segmento de moda, se diziam sustentáveis sem muita profundidade no assunto, gerando dúvida e desconfiança no consumidor. Apareceu o chamado “greenwashing”, que consiste na estratégia de promover discursos sobre ser ambientalmente/ ecologicamente correto, mas muitas vezes de fachada. Percebemos a importância de uma certificação com a credibilidade do sistema B para mostrar o quão sério é o nosso trabalho em relação a isso, que não é só marketing ou discurso vazio.

3- Ser uma empresa B é a mesma coisa que ser uma empresa ESG (conceito de responsabilidade ambiental, social e de governança) ?

Acredito que o ESG e o Sistema B fazem parte do mesmo ecossistema, um fortalece o outro, são complementares. O ESG é uma métrica muito usada pelo mercado financeiro para avaliar o impacto socioambiental de uma determinada empresa, mas não é um selo/ certificação. Este movimento fortalece as B corps trazendo mais capital para empresas de impacto. Acredito que as empresas B atendam as métricas do ESG mas não necessariamente todas as empresas ESG passaram pelo processo de certificação B.

4- Qual foi a maior “lição de casa” que a certificação trouxe?

Disciplina, flexibilidade para adequações de processos e entendimento de que haverá sempre melhorias a serem feitas – abertura para isso é fundamental já que sustentabilidade é um assunto complexo, que deve ser contínuo, estar no dia a dia da empresa, permear todas as áreas e ser constantemente revisto; verdades absolutas de hoje podem não ser as mesmas de amanhã.



5- Collabs com cooperativas, um armário cápsula que evite desperdício, quais outras ações o consumidor MyBasic pode esperar no futuro?

Estamos buscando cada vez mais fibras e tecnologias que diminuam o impacto ambiental, mais produtos feitos a partir de tecidos biodegradáveis e/ou reciclados e mais produtos gerados a partir de outros produtos (upcycling).

A ideia é aumentar as parcerias com institutos que promovam a mão de obra ética e social como o Ecotece, nosso parceiro desde 2014 e o MEVOB, que capacita mulheres encarceradas para a costura.

Estamos estudando de que forma podemos diminuir a emissão de CO2, incluindo iniciativas e projetos junto a parceiros logísticos e fornecedores de tecidos.

A promoção e educação em relação ao consumo consciente, não só na moda, também faz parte do nosso plano de ação atual e futuro.

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