Aquela frase clássica que a data do Dia Internacional da Mulher é todo dia ganhou ainda mais relevância em tempos pandêmicos. Eu virei Maria, Geni, Bombril…. Servi de doméstica, puta, executiva top. Fiz zooms, zonas e cozinhei muito feijão num equilíbrio de pratinhos que daria inveja à Shiva. Não mexe comigo, não.

Da minha janela Ipanemense vi a fome dominar calçadas que já assoviaram para musas e lendas da bossa nova. Nesse atual cenário pobrinho, desabado e triste precisei envergar a capa de mulher ainda mais maravilhosa e seguir minha sina de heroína do meu cotidiano banal.

Que loucura esses dias. E vamos comemorar o que? Já sei: vamos comemorar por tudo que somos. E somos valiosas. Não nos apequenemos diante deste Brasil raso. Bora soltar a voz abafada por anos de mudez imposta por homens agressivos dotados de seus paus moles fakeados de viris através de Viagras.

E vocês estão me ouvindo? Ou querem que eu aumente o volume? Posso berrar ainda mais pois como não morri de Covid não serei a covarde que vai posar de gostosa, ryka e sensata. Atualmente estou mais pra pelancuda, estudante de educação financeira e louca de pedra. Não mexe comigo, não. Sou uma mulher comum e acho esse o melhor prêmio deste dia. Não quero maquiagem, medalhas nem palmas. Meu desejo tem apenas um nome: Vacina!

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