Nunca gostei de fazer aniversário. Desde pequena, me lembro de poucos deles. Colocava a culpa no dia em que nasci, 03/11, pós feriado de Finados. Minha mãe conta a história que teve que me segurar para eu não nascer no dia 2; passei raspando. Dia ingrato, emenda do feriado. Minha melhor desculpa para evitar comemorações é que todos viajam nessa data e, ainda por cima, sempre chove.
Na casa dos meus 20 anos festejei mais. Não na data exata, mas como tenho um grande amigo que faz aniversário próximo, sempre tinha “a baladona” no meio de novembro. Mas, mesmo assim, os anos iam passando e o meu aniversário passando batido.
Quando fiz 30, deprimi. Nunca tinha sentido isso na vida, não queria nem ganhar parabéns. Uma coisa horrorosa. Sentia que tinha envelhecido (mal sabia eu, bobinha!) e que precisava mudar minha vida. Pois bem. Foi a década que mais me mudei. Fisicamente mesmo, cidade, país. E virei mãe. Foi intensa e aproveitei cada momento dela.
Com o passar dos anos, comecei a “pegar gosto” pela coisa. Quando fiz 40 me deu uma sensação de plenitude, que passou rápido, mas o gosto por celebrar não. Então, comecei a festejar com os amigos que estavam por perto e na data, afinal, é o meu dia. Minha última comemoração foi em 2019, quando fiz 48 e consegui juntar minhas irmãs, mãe e amigos próximos. Que bom que celebrei, mal sabia eu o que iria acontecer nos anos seguintes.
Esse ano completo meus 50 bem vividos. A década que vem pela frente promete. Dessa vez não porque estou deprimida, muito pelo contrário, estou é feliz com as mudanças que implementei para mim nesse ano. Por mais que mercúrio estivesse retrógrado, esses últimos meses da minha vida estavam mais para céu – mesmo tendo que desviar de alguns meteoritos – do que para inferno astral.
Eu tenho é muita coisa para celebrar. Afinal, só sou eu hoje pelo que fui, pelas escolhas que fiz, pelos aprendizados que tive. Demorou, mas aprendi a importância e o significado de se comemorar um aniversário. Do ritual que marca etapas, consolida outras, traz transformações. Que fecha um ciclo e abre outro. Mas hoje comemoro mesmo o presente que caiu no meu colo e que eu recebi de braços abertos: ser colunista do Inconformidades e fazer parte dessa comunidade maravilhosa, divertida e real. A vida como ela é, de fato. E, esse mês, o meu primeiro texto faz aniversário. Nada poderia ser mais simbólico!
Envelhecer tem sido revelador. A vida realmente é um presente. Bem-vinda maturidade!
Fotografia: Lea Hope
4 comentários
Excelente texto! Incrível como a vida vai resignificando com o passar do tempo… Celebremos, sempre! Vivaaaa!
Nossa, amei seu texto e sua história! Também tive umas aversões a comemorar aniversários, hoje eu adoro, ainda que sem muitos fogos! Parabéns!
Obrigada Sandra!
Livia, amei seu texto e sua história! Também tive umas aversões a comemorar aniversários, hoje eu adoro, ainda que sem muitos fogos! Parabéns!