“It’s quarter to three ,There’s no one in the place, Except you and me, So, set ’em up, Joe I got a little story you oughta know…” Frank Sinatra (“One For my Baby…)

(Na foto que abre o post, Clive Owen como o bartender Floyd em “Killer In Red” by Campari.)

Sempre de bom humor, disposto a ouvir qualquer coisa que você tenha a dizer, com resposta pronta para tudo e uma coqueteleira com que chacoalhamos o drink ideal para seu estado de espírito. Essa é a imagem que as pessoas normalmente têm dos bartenders.

Eu mesmo abusei da paciência dos “mestres” do outro lado do balcão, quando nas minhas incursões etílicas em NY, com as minhas incontáveis dúvidas sobre a composição e preparo dos drinks. Devo confessar que ter barba e ser tatuado facilita a conversa com a maioria dos bartenders ou barwomans em qualquer lugar do mundo, mesmo assim a paciência do bartender tem limite.

Fato é que a posição de bartender não é só o “glamour” que muitos pensam, mas tem seus desafios e até um “código” próprio. Sim, em alguns lugares os bartenders tem um código numérico usado entre colegas de balcão, ​​que represente algumas ocorrências no bar, de maneira secreta e rápida.
Coisas como “86”, significando que ficou sem produto, “200” significando um cliente esperando, “50” significando para pegar o cliente e “700” para se referir a um cliente atraente… Nada escapa ao nosso olhar e ouvidos Sras e Srs, portanto, atenção na próxima vez que se sentarem no balcão.

Jack Nicholson, “O Iluminado” (1983)

Klaus St. Rainer por exemplo, é um dos “papas” com mais de 30 anos de balcão e conta que até intenção de assassinato ele ouviu!. Calma, o “código” e o bom senso nos levam a reportar quaisquer situações extraordinárias do tipo, e ficamos atentos aos loucos de plantão e aqueles que estão passando do ponto…afinal, quem não se lembra do Jack Nicholson, louco, em “O Iluminado”?!

Eu me divirto, pois mesmo nos eventos restritos que fazemos sempre acontece alguma coisa interessante. O bar é um pedacinho da sociedade que ele está servindo. Isso vale do mais básico “pub” ao bar mais chique. E a responsabilidade do bartender é grande; além de assegurar o abastecimento etílico, não é incomum em alguns bares sermos responsáveis pela playlist.

É uma posição maravilhosa para quem gosta da experiência antropológica de observar as pessoas –quem são, do que falam, o que pedem– e harmonizar com a trilha sonora que completa e potencializa a mistura toda.

E, como qualquer ajuntamento humano, tem o bom e o ruim. Tem o “expert” em drinks que em um gole torce o nariz e compara seu Negroni com “aquele do hotel em Miami” ou o Martini que está com gosto diferente do “que ele tomou na balada tal” (depois de três Red Bulls!). A mocinha que não toma Boulervardier porque “detesta drink amargo”, mas acha ruim que você não faz Aperol. O Tigrão que na quinta rodada de cerveja, pede Gin Tônica para parecer menos ogro e “chegar” na moça do lado. “Você faz Cosmopolitan?” (…como eu ouço essa! Meu Deus! Culpa do “Sex And The City’!)

Frank & Ava

Isso tudo ao mesmo tempo… É genial como as relações e as conversas se desenrolam. Poucos tem a elegância e o bom papo para acompanhar uma garrafa de vinho decente ou algumas rodadas de Vodka Martini, sem se equilibrar para ir no banheiro ou falar mais alto do que o som. Fico pensando no papo do Frank Sinatra e o bartender Joe na música “One for my Baby”, uma conversa em que podemos contar as reações de Joe pelo tom e as inflexões sutis de Sinatra.

Curiosidade: alguns sugerem que fora escrita quando ele tomou um pé da Ava Gardner. Não é o caso, a música foi escrita em 1943 para um musical de Fred Astaire. Para a Ava ele escreveu “You Are My Thrill” em 1949.

Não temos a companhia de um Sinatra enebriado, infelizmente. Mas nesse universo todo experimentamos a deliciosa experiência de servir sensações e muitas vezes contar algumas histórias e curiosidades ao som de boa música… Afinal, tem coisa melhor para acompanhar um bom cocktail? Boas histórias com gente bonita e cocktail delicioso tem no curta de Paolo Sorrentino para a Campari Red Diaries… Então hoje eu fico com o colega Floyd (Clive Owen).

E, Frank, com “One For my Baby”…

Cheers e até o próximo papo!

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