André do Val – Tava cansado de procurar algo pra assistir na Netflix. Sinto que o catálogo ali tem muita coisa e poucos com nota 10, fica tudo meio médio. Então fui passear pelo Prime Video, da Amazon, que é ótimo tanto nos originais quanto no acervo de clássicos.
Das novidades, assisti a “Them”, que é um terror/suspense do tipo psicológico, que tem o racismo como tema principal no estilo do filme “Corra”. Gira em torno de uma família negra que se muda da Carolina do Norte para um bairro de classe média branca na Califórnia nos anos 1950 e são aterrorizados (literallyyyyy) pelas famílias tradicionais.
Chorei pencas com “Manhãs de Setembro”, que tem a Liniker como uma cantora e entregadora de aplicativo que descobre ter um filho de 10 anos. É muito emotivo pela abordagem da paternidade do ponto de vista de uma mulher trans que começa a conquistar sua independência financeira. O garoto é uma graça! E ainda tem o Paulo Miklos de maricona.
Revi “The Boys”, que mostra os anti-heróis corrompidos, corruptos, capitalistas, corporativistas. É muito sagaz ao tocar em temas sensíveis, como feminismo, racismo, terrorismo. Como por exemplo quando uma mulher viola o homem-peixe, enfiando as mãos contra a vontade dele em suas guelras.
Ana Rodrigues – Assisti a tão falada “Mare of Easttown”, e ela merece cada elogio que ouvi. Kate Winslet dá um show, aliás o elenco inteiro é ótimo. Um suspense me envolveu do primeiro ao último minuto pela complexidade das personalidades dos personagens.
“Hacks” conta a história de uma lenda dos palcos de stand-up comedy de Las Vegas, Deborah Vence, uma mulher com temperamento forte que vê sua carreira tomar um rumo não muito esperado.
Por conta dessa mudança começa uma parceria de trabalho com Ava, uma jovem roteirista. No roteiro uma batalha geracional entre mulheres, mas não espere nada tradicional, as personagens não são óbvias. O roteiro é maravilhoso, e o figurino traduz muito bem a personalidade de ambas.
“The Flight Atendent”, com a Kaley Cuoco, a inesquecivel Penny de Big Bang Theory, é um suspense também. Mas, nossa, que suspense. Me fez grudar na tela. Bom pra pra distrair a cabeça.
Deva Heberlê – É incrível como alguns fatos históricos que não vivemos parecem tão próximos da gente. É a história nos mostrando que repetir erros não é o caminho para resolver nenhum problema.
Assisti e recomendo “Enquanto a Guerra Durar”, filme de Alejandro Amenábar de 2019 e está no HBO Max/HBO GO e Oi Play. Traz à tona uma realidade muito próxima a que vive a Europa, onde em vários países os partidos fascistas e de extrema-direita se alvoroçam a voltar, bem como a estreita semelhança do que enfrentamos no Brasil (guardadas as devidas proporções, embora os crédulos acreditem na cloroquina e no fim da corrupção).
Amenábar aborda o confronto ideológico ocorrido na Universidade de Salamanca, na Espanha, que se deu entre o filósofo humanista Miguel de Unamuno e o general general Millán Astray, ideólogo do franquismo, e radical de extrema direita que esteve à frente dos acontecimentos que, segundo o diretor do filme, antecedeu ao início da Guerra Civil Espanhola de 1936.
Para além do posicionamento de Miguel de Unamuno, que acredita no falso discurso pacifista do fascismo (e olhe que não faltaram avisos a ele, inclusive da própria filha). O filme me parece um alerta e tanto sobre o cenário atual, no qual o fascismo mostra as garras e a cara, desafiando as democracias em várias partes do mundo, em plena pandemia da Covid-19.