Estamos em pleno Outubro Rosa e eu vou fazer uma pergunta rápida: você sabe para que serve o laço rosa, luzes rosas por toda a cidade iluminando prédios, monumentos e toda a mídia em torno do tema? Mais ou menos?

O Outubro Rosa serve para compartilhar informações e promover a conscientização da mulher sobre a importância do diagnóstico precoce do câncer de mama. De lambuja, ganhamos também o lacinho rosa para a conscientização da mulher sobre o câncer de colo de útero.

E por que isso? Por que se fala tanto em câncer de mama e separamos um mês inteiro para discutir o tema? Porque o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres. Uma a cada oito mulheres já teve ou vai ter este diagnóstico um dia. Ele é a segunda principal causa de morte relacionada ao câncer em mulheres, perdendo apenas para o câncer de pulmão. Em terceiro lugar, talvez o mais importante, é que fazer o diagnóstico no comecinho faz toda a diferença quanto à sobrevida ou longevidade.

O Outubro Rosa veio, então, para isso: conscientizar as mulheres sobre a importância de realizar os exames de rastreamento anual a partir dos 40 anos (desde o auto-exame, exame da mama pelo médico na consulta ginecológica e a realização de mamografias), pois, com isso, vamos descobrir mais rápido o câncer e teremos mais chance de cura.

Segundo a Sociedade Brasileira de Mastologia, toda mulher a partir dos 40 anos deve realizar uma mamografia anualmente, pois este exame é capaz de visualizar o câncer antes mesmo dele se tornar palpável e se alastrar pelo nosso corpo, que é a metástase. Assim, podemos receber o tratamento muito antes do câncer se tornar mortal. O Outubro Rosa é um mês para isso, o foco é conscientizar, trazer a mulher para perto e dizer: “Senta aqui e vamos conversar sobre a sua saúde e sobre a importância da sua vida? Sim, nós queremos te ver viva e saudável!”

Vou contar a estória de uma mulher vivendo esse drama para você entender melhor todo o conteúdo: Sofia tem 47 anos e todo ano vai na sua consulta com a sua ginecologista para os exames regulares. Este ano, por causa da pandemia, ela atrasou a consulta e conseguiu ir com quatro meses de atraso por causa da segunda onda do Covid…

Dra D, que a acompanha desde a sua primeira gravidez, fez o exame físico e notou um pequeno nódulo próximo ao mamilo esquerdo, pequenininho, menor que 2 cm. Bem, Sofia está sem plano de saúde pois perdeu o emprego durante a crise pandêmica. A Dra D senta com ela e explica sobre a importância do próximo passo, que, nesse caso, vai ser a mamografia.

Sofia se compromete a realizar o exame e retornar o mais rápido possível. Faz a mamografia e retorna. Chega o tão temido laudo: lesão sugestiva de câncer de mama. Segue-se a biópsia e o diagnóstico definitivo. Sofia tem câncer de mama.

Agora, é marcar o mastologista para iniciar o tratamento. Por sorte, Sofia consegue tudo via SUS e, após 30 dias, entre consultas e encaminhamento para o centro de referência, tem a sua cirurgia marcada para 15 dias. São os 15 dias mais longos da sua vida… Pré-operatórios, jejum, internação, cirurgia e pós-operatório com a notícia que o seu câncer foi diagnosticado no começo, ainda sem metástase e com grandes chances de cura. Ufa…

Cinco anos depois (vamos viajar até 2026)… Sofia está bem, sem recorrência da doença e recebe o diagnóstico definitivo de cura. EHHHH… que alegria! Mas pensa aqui comigo: se ela não tivesse ido ao médico assim que se sentiu segura para sair de casa e não tivesse priorizado o cuidado com seu corpo, talvez não estivesse viva num futuro tão próximo. Sim, é sério! Segundo estudos científicos o exame realizado pelo médico e a mamografia anuais reduzem em 60% a mortalidade do câncer nos 10 anos seguintes ao diagnóstico.

E a prevenção propriamente dita, já que a mamografia e o exame médico só vão detectar algo quando já existe o câncer? Será que é possível? “Ouvi dizer que o câncer de mama tem causa genética e não adianta ser saudável para prevenir que ele apareça…”

Apesar do câncer de mama muitas vezes ter influência genética, na maioria das vezes, ele não está relacionado com a herança familiar. Estudos observacionais mostram que alguns hábitos estão mais relacionados com o desenvolvimento de um câncer, são eles:

  • A obesidade, que aumenta em até seis vezes o risco de um câncer de mama na mulher;
  • Ingesta excessiva de bebidas alcóolicas;
  • Sedentarismo;
  • Tabagismo.

Então, para reduzir o risco de desenvolver o câncer de mama, devemos adotar hábitos de vida saudáveis como perda de peso, atividade física, redução da ingesta de bebidas alcoólicas e parar de fumar.

Agora, o assunto polêmico que, chegando até aqui, algumas vão me perguntar: e a terapia hormonal para a menopausa, aumenta esse risco? Um estudo científico muito famoso, o WHI (Women Health Initiative), encerrado em 2001 e publicado em 2002, mostrou que a terapia hormonal com estrógenos (equinos conjugados) e progestágenos (medroxiprogesterona) aumentava o risco de câncer de mama nas mulheres. O aumento foi pequeno, com acréscimo de 0,3% de casos de câncer de mama em mulheres usando hormônios no período de 5 anos (período em que as mulheres foram seguidas no estudo).

Ao longo desses 20 anos, pós publicação do WHI, muita coisa mudou em termos de terapia hormonal, e o esquema de hormônios usado no estudo ficou fora de moda. Outros apareceram e aparentemente oferecem menos risco.

O diagnóstico de câncer não é um momento fácil e muitas coisas passam pela cabeça da mulher ao receber a notícia, desde a preocupação com a imagem pessoal (mastectomia e perda de cabelo com a quimioterapia) até o risco de morte. Entretanto, a ciência em torno deste tema está tão avançada que nos permite, hoje, realizar o diagnóstico precoce e optarmos por um tratamento menos mutilante. Tudo isso com grandes chances de cura.

Por isso, eu te pergunto: já fez a sua mamografia este ano? Não? Então corre lá que este mês os serviços estão ainda mais preparados para te receber.

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