Olá, eu sou a Glória e tenho 52 anos. Há 30 meus cabelos brancos começaram a nascer, e há 13 meses eu parei de pintar.

Com 22 anos, repito, 22 anos, comecei a fazer henna (lembram?). E com 26 começou a tinta. No início, a cada 6 semanas, para chegar a loucura de a cada 15 dias, ter que bater ponto no salão. E eu batia. Religiosamente. Sem gostar, sem ter saco pra salão, mas nunca fui a uma reunião de trabalho ou festa de família com minha raiz aparecendo. Jamais!

Apesar de achar o tempo perdido no salão um desperdício, amava o resultado e sempre gostei de mudar. Meu cabelo já foi ruivo, chocolate, preto (a cor original), com luzes de várias tonalidades. Um belo dia, tomei a decisão de assumir minhas mechas naturais e tentar mais uma cor nova: o branco! Nesse momento, veio um caminhão buzinando na contramão que me dizia: “mas aí ninguém mais vai achar que você não parece a idade que tem”!!!

Essa reflexão foi de uma violência pra mim, que demorei uns 5 meses para digerir e seguir com meus planos de grisalhice. O “parecer mais nova” era o meu objetivo, desde sempre, desde os 22 anos (que loucura), que eu não poderia aparentar estar envelhecendo! Essa palavra tabu, que ninguém gosta de pronunciar, e que associamos a algo tão ruim que sempre buscamos “parecer” outra coisa.

Sempre dizemos alma jovem, jeito jovem, disposição de jovem, como se uma pessoa de 40, 50, 60 ou sei lá quantos anos não pudesse ter disposição, pique, ânimo, libido. Quando você quer aparentar mais jovem, quando você fica feliz por alguém te dizer “nossa você não parece ter a sua idade“,  automaticamente coloca seu momento de vida num lugar ruim e indesejado.

Nos meses que precederam meu aniversário de 50 anos fiz preenchimento, botox, laser, tomei remédio de rato para emagrecer, malhei loucamente e isso com um único objetivo: que no dia da festatodos me dissessem a famosa frase:

Nossa você nem parece que já tem 50!!

Nesse momento eu tirei o sucesso da comemoração das minhas mãos e entreguei para os outros.

A grande revolução pra mim foi justamente entender que você pode ficar bem onde você está. Assumir e honrar cada ano da sua vida, entendendo que pode ser sim um lugar de muita felicidade, exatamente aqui e agora. 

Hoje eu continuo frequentando a dermato e malhando, escolhi quais procedimentos estéticos quero continuar fazendo, mas dessa vez não mais para aparentar juventude, mas sim para estar bem, comigo, pra gostar do que EU vejo no espelho e não mais aguardar o veredito de outrem. É um processo longo e difícil,  mas vale cada reflexão.

 Engraçado é que a maioria das pessoas acha que antes fiz o movimento de assumir a idade, e em seguida deixar o grisalho vir como parte do processo, mas foi justamente o contrário. 

No início era pra ser só um cabelo branco, daí nasceu uma revolução!

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