Quando fui juntar os trapinhos com meu marido ele perguntou quanto eu tinha para darmos de entrada em um apartamento. Detalhe, somos colegas de trabalho, com o mesmo salário e entramos no mesmo ano. Eu simplesmente tinha menos da metade da quantia que ele havia conseguido juntar.
Foi um susto para ele e para mim, que até então não havia tomado consciência que meu armário era um verdadeiro ralo de dinheiro. Eu nunca tinha parado para analisar aquela estatística de tipos de gastos que o cartão de crédito mostra todo mês, mas já sabia onde estava o buraco: gastos com roupas, sapatos, maquiagens etc.
E eu não estou falando de um guarda-roupa com marcas de luxo, mas sim de um armário bem classe média, cheio de roupas compradas em liquidação.
Na tentativa de mudar meu comportamento passei a comprar livros que falavam sobre saúde financeira. Comecei pela bíblia “Pai Rico, Pai Pobre” e não consegui passar do segundo capítulo. Foi quando percebi que se eu não aprendesse a comprar direito roupas e sapatos não iria sobrar nada para qualquer investimento.
Contudo, chegaram os 40 anos, duas gestações e algo agravou, aumentou o impulso de querer me vestir melhor para compensar as marcas do tempo. Presa fácil para vendedoras que adoram soltar a frase: “Leva, você merece”.
Deixar minha vaidade de lado não era uma opção para mim, continuar gastando sem pensar no amanhã, principalmente depois de ter filhos, também não era uma opção. Foi então que resolvi estudar sobre estilo, não para atuar profissionalmente como consultora, mas para autoconhecimento, de forma a fazer compras mais assertivas e, principalmente, usar bem o que se tem, com menos desperdício de dinheiro.
Primeiro passo foi seguir no Instagram mulheres que dão dicas muito boas em seus perfis: @thaisfarage, @persoona.crisalves, @biapaesdebarros, @hypnotique (as duas últimas têm também canal no YouTube com dicas bárbaras).
Depois fiz alguns cursos pagos, pois amo o assunto e queria aprender as técnicas do vestir. Então meu funil foi só estreitando e hoje tenho muita consciência do que vale a pena levar ou não. Se você não curte aprofundar nesse assunto, talvez valha a pena contratar uma Consultora de Imagem que vá te ajudar a achar seu estilo.
Vou listar aqui o que me ajudou a diminuir os gastos:
1- Análise de cor é o novo horóscopo, uma delícia descobrir sua cartela, principalmente para compra de maquiagem. Sem contar cores de blusas que eu achava lindas nas amigas, mas no meu armário ficavam paradas, quase que por intuição.
2- Reforma de roupas que estão paradas no armário: coloco elástico em cintura que está apertando, aumento a cava das blusas, diminuo comprimento de vestidos que eu achava muito careta. Se achar uma boa costureira que entenda de reforma, case com ela.
3- Enjoei é minha nova rede social, você pode filtrar a pesquisa já com suas marcas preferidas, peça que está procurando e tamanho. Pelas fotos dá pra ter uma noção se estão em boas condições, sem contar que você pode devolver caso não tenha curtido a compra.
4- Sou adepta do básico com borogodó, peças básicas de qualidade são um investimento que vale muito a pena, pois multiplica demais as possibilidades de combinação das peças que você já tem no armário.
Por fim, olhe para o que tem dentro do seu armário, as peças que estão paradas tem um mesmo padrão? As que saem sozinhas de tanto uso, o que elas têm que te agradam tanto (tecido, conforto, corte reto, fluido etc)?
Por incrível que pareça a gente aprende muito mais sobre o nosso estilo olhando para o que já temos do que procurando na internet referências do que não temos. Buscar ferramentas para sermos mais criativas com nosso armário é libertador.
E quando ouvir na loja a frase “compra, você merece”, lembre-se que autocuidado passa também por uma boa saúde financeira, na maioria das vezes você merece não levar susto com a fatura do seu cartão de crédito.
1 comentário
Muito bom o seu texto Débora! Colocações importantes pra se pensar, ainda mais nesses tempos “bicudos “ em que estamos vivendo . Obrigada!