Toda segunda-feira, todo começo de ano, todo “depois dessa fase” são marcos para o desejo de mudanças. Começar dieta, atividade física, procrastinar menos, começar um novo curso, ser mais organizada, mais paciente, não fazer tantas horas extras, aprender a dizer não para família e amigos são alguns dos planos contemplados para esses recomeços.

Roberto Pompeu de Toledo escreveu sobre o tempo :

“Quem teve a ideia de cortar o tempo em fatias, a que se deu o nome de ano, foi um indivíduo genial. Industrializou a esperança fazendo-a funcionar no limite da exaustão. Doze meses são para qualquer ser humano cansar e entregar os pontos. Aí entra o milagre da renovação e tudo começa outra vez, com outro número e outra vontade de acreditar que daqui pra adiante vai ser diferente…”

Sim, é genial termos essa sensação de que tudo pode recomeçar e ser diferente, que a esperança e ânimo sejam renovados para seguirmos adiante com nossos sonhos e projetos. Mas, muitos desses projetos acabam se perdendo na rotina dos dias que se seguem.

Claro que somos seres únicos, com nossa biografia, potencialidades e dificuldades particulares. Mas existem alguns aspectos comuns que influenciam as mudanças de hábitos e hoje vamos falar sobre eles.

Geralmente começamos a contemplar a mudança que desejamos, imaginando o que ela traria de benefícios para nossas vidas, ou ainda, algum fator externo como uma doença ou uma separação nos obriga a rever o jeito de viver.

O grande desafio começa em como planejar essa mudança, pois só o desejo não costuma ser o suficiente para consolidar a mudança.

Esse planejamento deve incluir o autoconhecimento, a observação da realidade atual e as possibilidades de remanejamento gradativo. Por exemplo, alguém que está enfrentando dificuldades em relação a procrastinar algumas atividades do trabalho, quais perguntas poderia se fazer:

Quais atividades estou procrastinando?

A procrastinação tem tido quais consequências na organização do meu dia?

O que tem me feito procrastinar?

Quais são os meios que uso para procrastinar?

Geralmente, a procrastinação é uma forma de se evitar algo que cause algum tipo de desconforto, como um trabalho difícil e indesejado. Ou ainda pode envolver questões mais sérias, como estados depressivos e ansiosos. Mas vamos considerar a primeira hipótese para seguirmos com o exemplo.

Listar as consequência negativas da procrastinação pode ser um caminhos para perceber que a evitação não é um caminho eficiente para aliviar o desconforto, pois em algum momento o trabalho acumulado precisará ser realizado e, quanto mais acumulado, mais aumenta a ansiedade e reduz o tempo para outras atividades mais interessantes. Uma vez que mesmo não realizado, poderá se manter em mente a necessidade de realizá-lo. Dessa forma, listar as coisas boas que se pode realizar tendo o tempo mais organizado, também pode ser um caminho.

Então é hora de colocar em prática. Estar consciente dos pensamentos e sentimentos que levam a procrastinação, e os meios usados para procrastinação. Em geral as mídias sociais estão bastante envolvidas. Então é preciso começar a experimentar as melhores formas de organizar o tempo, como limpar o campo de trabalho, não deixar mídias sociais tão acessíveis ou ainda prever pausas de descanso para que se possa consultá-las.

Sim, desfocar do trabalho por curtos períodos e ter descansos adequados, melhoram a qualidade da atenção e devem fazer parte do plano de como usar melhor o tempo. Vale salientar que muitas vezes a rigidez na mudança dos hábitos acaba por gerar sentimento de impotência em alcançá-la e, por sua vez, culpa e desistência. 

Por isso usei o título “Mu dança”, uma referência a música de Gilberto Gil e a ideia de a mudança precisa de flexibilidade e leveza. Encontrar o ritmo próprio em sintonia com a música da vida. Disciplina é importante, mas com compaixão. Manter a constância, não desistir frente aos deslizes e olhar para eles como forma de aprendizado para estabelecer novos caminhos. E ainda, não hesite em buscar ajuda profissional caso considere importante. 

Normalmente demoro um pouco para sentar e colocar meus textos no papel, mas quando isso acontece, em geral já estou com a ideia praticamente pronta dentro de mim. A caminhada na natureza, o cuidar das plantas não entram exatamente como procrastinação, mas como formas meditativas, contemplativas que trazem para minha consciência a ideia que gostaria de transmitir.

Então, esse texto sobre as mudanças programadas para início do ano, sai em fevereiro e não em janeiro, como seria o esperado. Mas contempla o ano todo que vem pela frente e que pode fazer acontecer os desejos de mudança. Desejo um bom recomeço, cheio de desejos e planos.

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