Chorar é uma manifestação de emoção em qualquer idade, sendo comum em sessões de terapia os pacientes dizerem “e então eu chorei”. Mas enquanto o adulto consegue identificar, na maioria das vezes, a razão do choro e atribuir um sentimento a ele, como chorei de raiva, de frustração, de ansiedade etc., o adolescente tem maior dificuldade de compreender quais foram seus gatilhos.
Como para o adolescente nem sempre o motivador está claro, é comum ele relatar que tem chorado “do nada”. E se você insistir perguntando o porquê, “não sei” será a resposta mais provável. Mas este choro não tem mesmo razão?
O choro frequente na adolescência ajuda o jovem a extravasar emoções que ele não consegue identificar. Mas, embora não seja capaz de nomear o que está sentindo, há sim algumas emoções frequentes na adolescência que levam à angústia e consequente choro…
Desapontamento: o jovem acredita que esteja decepcionando seus pais;
Exposição: quando conversas pessoais são expostas ou sente que a sua privacidade foi invadida;
Ofensa: sente-se ofendido, desrespeitado ou agredido;
Medo: sente-se ameaçado ou inseguro;
Frustração: não consegue alcançar o que deseja;
Pressão: acredita que não dará conta de cumprir tudo o que é esperado dele.
Inadequação: teme que seus sentimentos não sejam apropriados.
Integração: sente-se afastado ou não se sente parte do grupo.
Preocupações: sente-se triste por fatos do dia-a-dia.
Embora para o adulto tudo isso se mostre simples e não pareça justificar a oscilação de humor vivida tão intensamente na adolescência, para os adolescentes não é trivial. Isto corre porque a parte do cérebro conectada à emoção (o sistema líbico) reage mais fortemente em adolescentes do que em adultos; ao mesmo tempo, que a parte frontal do cérebro, responsável pela regulação emocional, não está completamente amadurecida.
Também não se pode deixar de mencionar que, além do desenvolvimento neurológico, os adolescentes estão passando por mudanças hormonais importantes que também impactam a variação de humor.
Como ajudar o adolescente?
Se você perceber que os episódios de choro estão se intensificando, tornando-se recorrentes, passando a interferir significativamente na rotina e nas atividades cotidianas do jovem, fique atento, acolha o adolescente e, caso se sinta inseguro ou incapaz de ajudar naquele momento, busque o apoio de um psicólogo,
Se não permitirmos aos adolescentes terem um espaço para extravasarem suas emoções, é possível que manifestem seus sentimentos através da agressividade, da violência, desenvolvendo quadros de ansiedade, desordens alimentares ou experimentando entorpecentes.