“Corta! Beta, muito obrigada, agora pode correr para o Santos Dumont, para tomar um café e pegar a ponte aérea das 06 da manhã”. Pois é, senhoras e senhores, essa é a sensação que, desde o dia 16 de março de 2020, eu penso que vai acontecer a qualquer momento.

Imagino eu acordando de um longo sono com o meu despertador tocando às 4 da manhã, levantando direto em direção à máquina de café, ligando a TV no jornal da madrugada, dar uma meia hora para a alma voltar para o corpo, (ritual matinal muito importante! E, sem marido, ok?) me arrumar, pegar a mala e seguir para mais uma semana de trabalho em São Paulo. 

Mas a minha mala, desde então, está praticamente escondida no escritório da minha casa. Eu não voltei para SP a trabalho, todos os meus compromissos foram cancelados, rolê só farmácia, supermercado e casa dos meus pais e avó. A roupa de advogada deve achar que eu fugi. Desde aquela data, eu não troco de bolsa (entendedoras, entenderão).

Tudo mudou como num passe de mágica e sequer fomos intimados. Um tal de COVID chegou nas nossas vidas como um tsunami enfurecido. A alegria cotidiana agora acompanha milhares de tristes histórias.

Amigos, nem no meu mais surreal pesadelo (e acredito que nem no de vocês também), eu poderia imaginar estar vivendo esse caos. Não tem sido fácil, em um primeiro momento a insônia veio me dar um oi, praticamente, todas as noites, seguida de uma sensação muito estranha. Notícias 24/7, doces 24/7, pijamas 24/7, Lives e Zooms 24/7 (e, sempre que possível, de pijama, óbvio!).

Aproveito para deixar toda a minha solidariedade para as mamães que enfrentam a aula online. Nessa etapa, eu não vivo. Por aqui, Bob (meu Golden de 1 ano), Lilie e Marie (minhas gatas de 2 anos) tiveram um início muito agitado, mas já voltaram às suas rotinas.

Eu chorei, eu ri, eu quis berrar, eu quis abraçar, eu quis assistir todo o conteúdo disponibilizado no Youtube e em todas as outras redes sociais voltado para a minha área de trabalho, eu quis zerar o Netflix e a Amazon Prime, eu senti uma P falta da minha família e dos meus amigos, além, é claro, da minha rotina. O mundo pausou, subitamente. 

Eu algum momento depois de chegar em um cansaço extremo, eu passei a meditar e a voltar a me alimentar melhor. Eu fiz uma limpa nas minhas redes sociais para não ser massacrada com a pretensa vibe da “Meca da Produtividade” do Instagram. Eu não quero mais saber de musas fitness falando sobre suco verde (minha filha, eu duvido que você não atacou brigadeiros nessa Pandemia!). Eu quero gente como a gente, que enfrenta as adversidades da vida com um sorriso sempre que dá. Que ri de si mesmo. Que se diverte com memes. Que é de verdade.

E, assim, cada vez mais eu venho aprendendo (sim, ainda estamos na luta contra esses vírus maldito!) a cuidar de mim e a respeitar a minha mente e o meu corpo. Sem cobranças. Sem restrições. E com muitos abraços de urso. 

Ah, me conta: já se aplaudiu hoje? 

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