A depressão é um estado afetivo de uma tristeza profunda. A tristeza é um sentimento natural do ser humano e uma resposta às situações difíceis. Todo mundo fica triste. Normalizamos a felicidade excessiva e escondemos a tristeza real. Quando entristecemos, voltamos à nós mesmos, ou seja, olhamos para dentro. De uma maneira saudável e funcional, elaboramos e seguimos. O quadro depressivo se instala quando essa mesma tristeza fica excessiva e vira um modo de funcionar identificado através da sua intensidade, duração, fatores genéticos, sociais e contexto vivido.
Há uma percepção que depois de grandes catástrofes os adolescentes deprimem mais. Os jovens são muito mais sensíveis a situações coletivas do que podemos imaginar. Estão em construção e suas identidades ainda muito frágeis. A adolescência é o momento de descolamento do núcleo familiar e a busca de uma identidade no social. E, como era de se esperar, sem o social os jovens se entristecem, se fecham e a depressão aparece. A desesperança os permeia.
Não mais que de repente percebemos que aquela criança feliz agora é um jovem triste. Nós, pais, somos tomados pelo susto e pela impotência. A lente dos olhos dos jovens que esperamos se expandir se fecha cada vez mais nas telas, nas redes e, o social tão necessário e difícil de ser vivido, se torna um lugar virtual e idealizado. Ajudar aos pais a identificar esse quadro é muito importante para que o adolescente seja acolhido e cuidado.
Seus sintomas, ou seja, suas evidências, podem ser:
Cansaço extremo; qualquer tarefa fica difícil e custa um grande esforço
Alteração de sono e de apetite, para mais ou para menos
Irritabilidade
Sensibilidade ao toque
Dores pelo corpo
Descaso com a higiene pessoal
Falta de concentração
Queda no rendimento escolar; a execução das tarefas cai em tempo e qualidade
Retraimento social
Crises de choro
Desinteresse generalizado
Pensamentos negativos e catastróficos
Em casos extremos, autolesão e ideação suicida.
Ajudar o adolescente que deprime é uma tarefa diária. A mudança de hábitos é fundamental para que o quadro melhore. Mudar o estilo de vida instalando uma rotina mais saudável com exercícios físicos, sono e alimentação adequadas. Desenvolver uma atividade criativa, ligada a artes. Desenhar, pintar, tocar um instrumento e teatro são bons exemplos. Incentivar o trabalho voluntário.
Enquanto pais, precisamos perceber e acolher esse pedido de ajuda que aparece das formas mais atravessadas. Olhar com franqueza, falar sobre a dor não induz a depressão, pelo contrário, conforta e alivia. Procure a orientação de um profissional da sua confiança. Não damos conta sozinhos.
3 comentários
Fiquemos atentos! Sempre ??
Muito legal teu texto Lívia e a experiência é riqueza de vida, ímpar!
Que legal esse texto, e muito atual. “Não damos conta sozinhos”, é preciso uma comunidade inteira para criar uma criança e cuidar dos adolescentes.