Não… O assunto não é política mas caberia como uma luva para esse segundo turno. Usei o potente título para mirar minhas lentes multifocais para a maturidade. Muito tem se debatido sobre o etarismo, palavra que até pouco tempo eu dava de ombros. Não sabia nem o que significava. Hoje envergo o título de ativista ageless, contra o envelhecimento das ideias.

Me tornei uma espécie de depositária das falas de outras pessoas maduras, em sua maioria mulheres, que me contam sobre ataques, assédios, violências, disparos cotidianos contra as suas idades. E pensei na responsabilidade que cada nova influencer velha (gostaram da salada de palavras?) tem.

Precisamos enfiar o pé na porta (atenção ao calcanhar) e tirar o pó, a poeira, a fuligem dos maus-tratos aos idosos. Transamos, trabalhamos, viajamos, experimentamos um mundo novo. Mas será isso também um gogó? Um mero factóide no qual acreditamos?

Existe uma vanguarda do atraso no trato aos velhos brasileiros. Como se tivéssemos descoberto a pólvora mas não soubéssemos como se faz a bomba. Então eu te digo. O caminho é a política. Olha ela aí novamente.

Precisamos pressionar governos para termos melhores leis, ementas, decretos, ações que valorizem, protejam, elevem o 50+ à categoria de patrimônio da nossa humanidade.

Chegamos até aqui. Demos o suor, sangue, esperma, saliva para os que nos sucedem. Abrimos caminhos à foice. Derrubamos muros. Engolimos sapos. Muitos ficaram pelo caminho. Doenças, ditaduras, descasos. E não podemos nos contentar com migalhas.

Agora é a nossa hora de subir no palanque e fazer a nossa voz – pouco importa se esquerda, centro ou direita – ser ouvida. Com todos os “erres” , “esses” , acentos e entonações de um Brasil continental. Nosso libelo é a vida e nossa voz, nada débil. Se não agora, quando?

Essa reparação do papel do velho na sociedade brasileira é uma das grandes reviravoltas desta nação que ainda engatinha. Mas nós queremos acelerar esse processo de amadurecimento de nossa pátria. Com ou sem anestesia afinal somos feitos de coragem e atitudes.

Se estamos aqui foi por que percorremos o caminho. E não há nada mais potente do que o movimento. Na urna da vida madura não há repescagem. Só temos o hoje e urge que o vivamos como uma oportunidade de grandes mudanças.

Então nas eleições do seu dia a dia, crave seu voto por uma maturidade com dignidade, cercada de justas políticas públicas para que estejam à altura de tudo o que nós, cinquentões, legamos à esse Brasil. Não desperdice sua força como cidadão. Talkey?

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