Eu sei, eu sei, vão perguntar “como assim, você não conhecia Amsterdam?’’
Não conhecia, e confesso que talvez me sentisse um pouco intimidada pela cidade. Pode isso? Vocês já tiveram essa sensação antes? Porque sempre que me falavam do Red Light District ou dos coffeeshops dessa cidade ultraliberal, eu me apegava aos meus instintos mais conservadores e não me interessava muito pela viagem.
Que bobagem! Óbvio que essa Claudia ultra conservadora não existe mais (salve!), e o momento não poderia ser melhor. Amsterdam é muito mais do que os canais e as hordas de adolescentes bêbados em busca de cannabis livre e mulheres nas vitrines – detalhe: o Red Light District tem uma história incrível, e prometo contar depois.
Vamos começar pelo transporte: essa é uma cidade pequena, onde os carros estão sendo banidos do Centro aos poucos pela Prefeitura. As ruas ao redor dos canais são estreitas, então a melhor forma para se locomover é a pé ou de bike. Pra mim serviu muito a bicicleta, para uma visão global da cidade e para eu me localizar melhor. Quando queria conhecer em detalhe algum lugar, descia da bike, acionava o cadeado (fundamental, furtam mesmo), e fazia meu tour a pé. O Google Maps me ajudou quando estava sozinha, e depois fica tudo mais fácil. Existem vários locais para aluguel de bike, e a estação central de trem tem os melhores preços. Só fiquem atentas porque os ciclistas em Amsterdam são verdadeiros ninjas. Digitam, falam no telefone, comem, bebem, levam cachorros e filhos, tudo enquanto pedalam. Estando a pé ou de bike nosso cuidado precisa ser triplo, porque esse povo nasceu em cima da bicicleta. Vi mulheres super montadas pra balada, meninas carregando violões, mulheres maduras chiquérrimas saindo de seus apartamentos, todas lindas, leves e soltas em suas bikes potentes. Isso é vida!
Eu dei uma passada rápida pelo Centro, mas rápida mesmo. O lugar mais turístico da cidade e onde ficam as lojas bacanudas das super grifes. Para quem ama uma loja de departamentos, a De Bijenkorf não decepciona. Muita gente, muito lugar “pega turista”, muitas lojinhas vendendo os tamanquinhos de grudar na geladeira. Depois, pode fugir para um dos bairros mais descolados porque aqui é mais do mesmo. Ah, esqueci de falar que a Mendo fica no Centro. Uma livraria pequena de publicações luxuosas e que vale a visita.
O bairro delicia mesmo para parar sua bike e passear é o De Joordan. É lá que ficam as lojinhas mais charmosas e que fogem do padrão grifado. Cafés e bistrôs super charmosos com portinhas pequenas, e para quem vai no calor, as mesinhas na calçada, sempre. Tem dos melhores cafés que já tomei na vida no Toki (Binnen Dommerstraat, 15, De Joordan) e a torta de maçã do Cafe Winkel 43 (Noordermarket 43). Essa pra comer rezando.
No Grachten-Gordel ficam os hotéis mais charmosos da cidade, que valem pelo menos um café ou drink no lobby. The Dylan, The Hoxton e Pulitzer ficam na beira do canal, e olha…Os holandeses não se incomodam com quem entra, senta nos sofás maravilhosos e pede só um drink. Eita povo descolado e bem humorado! Aqui fica também o Buffet Van Odette, o lugar mais cool da cidade para almoçar. Só conferir os dias que abre, porque o holandeses gostam mesmo é de curtir e tem restaurante que só funciona três dias por semana. Imperdível no Grachten a Patisserie Holtkamp, com os melhores doces holandeses e franceses de Amsterdam. Como os holandeses amam um café e um docinho…são dos meus!
Se vocês curtem um mercado de rua tanto como eu, o Albert Cuyp Market é um destino incrível e funciona de segunda a sábado. Enlouqueci na quantidade de barracas com comidas típicas libanesas, nos queijos, nos falafels, nos morangos gigantes, afffffff. Queria ter o estômago do Anthony Bourdain e experimentar tudo, mas como tenho o olho maior que a boca, maneirei. Esse mercado fica no De Pijp, mais um lugar bacanérrimo pra bater perna nos finais de semana e sentar em um dos milhares de bares, tomar uma cerveja e depois se perder nas lojinhas.
Bom, aqui é só o começo das minhas dicas… Claro que não podem faltar os museus Van Gogh e Rijksmuseum. Eu comprei meus ingressos online pra facilitar, mas pasmem: não comprei o do Museu Anne Frank e fiquei de fora. Mega pisada de bola…
Prometo fazer mais um post sobre outros bares, a loja de queijo que mais amei, e passeios bacanas pra se fazer que fogem do turistão. Ah, e não confundam Coffeeshops com cafés. Nos coffeeshops a venda da cannabis é liberada, e eles estão em cada esquina da cidade. Vi um em que os vendedores eram verdadeiros sommeliers, com avental, luvas e tudo. E se gostei do Red District? Fui de manhã, porque soube que à noite anda muito trash. Já deve ter sido mais característico, porque agora está com cartazes de “sexo ao vivo” padronizados por todo o distrito. Que pena, até isso virou padrão McDonalds.
Para quem for como eu, iniciante mesmo, aproveite! Que cidade alto astral, com gente bem humorada e super disposta a atender bem. Todos falam um inglês impecável, sempre sorrindo, e mesmo sendo uma das principais capitais européias, não tem a dureza das grandes cidades. Leve só tênis, calça confortável, vestido ou saia, porque dá pra pedalar até de vestido curto que ninguém liga! Have fun!
Mais alguns lugares bacanas:
Moeders – um dos poucos lugares onde se come comida holandesa
Bar Louis – um café pequeno e charmoso, para drinks ou só um café
Episode – para quem ama um brechó, tem vários por Amsterdam. A seleção de bolsas (calma, nada super grifado) é sensacional. Quem procura a italiana The Bridge ou ótimas bolsas de couro a tiracolo, ou para carregar o notebook, o melhor lugar que já vi.