Acho que era meu aniversário de 15 anos quando minha mãe me deu de presente o meu primeiro mapa astral. De tudo que aquela astróloga simpática me disse, e que está gravado em alguma fita K7 guardada (ou não) em uma das caixas que ficou entre as muitas mudanças que fiz na vida, só lembro de uma coisa: “seu destino será muito longe de sua origem”. 

Como desde cedo sonhava ser mãe, viajar e conhecer o Mundo, romantizei que moraria em algum um país lindo e civilizado, distante e com as estações do ano bem definidas. Talvez meu marido fosse gringo, com certeza seria bem sucedido e meus filhos, pelo menos 3, falariam fluentemente quatro línguas… 

Para ajudar a incrementar aquela fantasia e ir ainda mais longe, perguntei o que exatamente ela queria dizer com aquilo:

– Quer dizer que a vida que imaginavam que você teria quando nasceu, será muito diferente do que a realidade de fato. 

Ploft! Cai da nuvem e confesso que fiquei bastante frustrada. Afinal aquele era o destino perfeito de uma jovem garota com tantas oportunidades e ambições internacionais e matrimoniais. 

A vida seguiu e eu não desperdicei uma chance sequer de viajar… Fui morar fora pela primeira vez aos 16 anos, depois mudei de cidade, de Estado e novamente de país. Fiz 2 faculdades e uma pós graduação. Literalmente, deixei a vida me levar. 

Priorizar essas experiências me atrasou um pouco os planos de casamento e maternidade, no entanto, me proporcionou vivencias e memórias inesquecíveis. Me colocou em muitas roubadas também, claro, mas principalmente, me expôs infinitamente mais, para me transformar na pessoa que sou hoje: mais empática, verdadeira e a uma mãe que eu gosto muito de ser. 

Se eu soubesse que a distância daquela minha origem seria essa, não vou ser hipócrita e dizer que faria tudo igual, mentira. Confesso que arriscaria fazer outras escolhas. Demoraria menos com algumas pessoas. Mas principalmente, não me preocuparia com a interpretação daquela astróloga. Porque no final, o que importa, é a gente com a gente mesmo. Independente do lugar ou de quem estamos acompanhados. 

O destino é pra dentro. 

0 Shares:
Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também pode gostar:
2021
Saiba Mais

O que levaremos de 2021?

Que ano foi esse o de 2021, hein, minha gente? E aí, será que depois de todo esse tsunami realmente somos melhores do que antes?
Saiba Mais

A maturidade e o luto

Para envelhecer, um pré-requisito é mandatório: sobreviver às perdas do caminho. O luto é um afogamento. Ele te aprisiona submersa sem ar...
Aniversário
Saiba Mais

Aniversários

Nunca gostei de aniversário. Com o passar dos anos, comecei a “pegar gosto” pela coisa. Envelhecer tem sido revelador. Bem-vinda maturidade!