Inicialmente, muitas saudades. Daquele cheirinho, da correria, de acordar às 3h30, do café com Biscoito Globo, das espiadinhas nas revistas e nos livros. Há quase três anos em home-office eu não vejo a hora de voltar. Suspeito até que terei insônia na noite anterior de tanta ansiedade!

Desde criança, os aeroportos fazem parte da minha vida. No início, era só aquela alegria de estar de férias e aproveitar meus pais e avós só para mim e, com o passar do tempo, a alegria de pensar que eu ficaria um determinado tempo desligada “do mundo real”, sem me preocupar com pendências e prazos de trabalho. Aquele ambiente mágico tinha o poder de virar uma chavinha na minha cabeça e me desligar dos compromissos.

Voltando à vida profissional, o fato de trabalhar durante um grande período viajando muito e, por vezes, para lugares um tanto quanto não convencionais, também me trouxe a percepção de que naqueles metros quadrados em que chegamos e partimos, podemos, de uma certa forma, “congelar” o tempo e sair completamente da nossa rotina.

Algumas vezes, já encarei um fast-food no meio da madrugada, me joguei no chocolate, na cajuína e no bolo de rolo (quem não conhece essa iguaria da culinária nordestina, favor se apresentar. Em alguns lugares, também pode ser encontrado com o nome de “rocambole”). Sem contar as pizzas e as batatas-feitas às 6 da manhã. Ou cachorro-quente e sorvete como se não houvesse amanhã. O fuso-horário dos aeroportos é algo que fica em outra dimensão.

Nos aeroportos está liberado o uso de chinelos (confesso que essa barreira do conforto maior eu ainda preciso cruzar!), de tênis com traje casual, além do salto 15 (mulherada, admiro quem consegue se equilibrar e andar para todo o lado de saltão). Gente, depois de tanto tempo sem colocar um salto, não consigo mais me imaginar correndo para o portão do voo.

O mais legal é acompanhar as diferentes tribos que por ali circulam: os torcedores uniformizados, os fãs de rock em época de festival, o grupo da viagem da escola; todos, devidamente concentrados em seu determinado mundinho.

Em um dos meus retornos para o Rio, no meio do caos em Congonhas (inclusive, um beijo!) eu acompanhei a diversão de amigas em uma despedida de solteira que começou ali mesmo na sala de espera … Todas devidamente fantasiadas, a futura noiva de vestido branco, faixa e véu, bebendo e cantando como se aquele “entorno” simplesmente não existisse. Só concentradas em celebrar a vida e brindar o futuro da amiga!

Acredito demais que, muito em breve, a rotina vai voltar à rotina. Merecemos!
Um beijo e até a próxima.

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