No nosso primeiro happy-hour falamos sobre a Lei Seca.

Eu sei, eu sei… Na verdade terminamos falando do Frank Sinatra, mas não vamos conseguir nos desviar de Old Blue Eyes por muito tempo!

Hoje falemos um pouco mais da Prohibition Era e o quanto ela foi definitiva na história dos coquetéis, dos bartenders, suas deliciosas heranças e inspirações.

A quantidade de referencias sobre a “Revolução do Cocktail” é enorme, bem como estudos e documentários sobre este período tirânico da história americana. Fato é que a Lei Seca assim como as décadas seguintes a sua revogação são um marco na histórias da coquetelaria.

A Lei Seca nacionalizou toda a produção de álcool destilado produzido nos Estados Unidos e o único álcool que podia ser vendido ao público era comercializado como elixir de “benefícios para a saúde”…(eu adoro essas referências de “saúde” e “vida” que dá-se á bebida!)

Esta situação mudou consideravelmente a condição dos barmans que passaram a ser especialistas na arte de se virar com ingredientes básicos disponíveis do coquetel tradicional – bitters, xaropes, twists cítricos – e predominantemente whisky, brandy, gin e rum, misturando o que estava disponível em cada região, da costa Leste à Oeste ou no Sul dos Estados Unidos. Pode parecer trivial hoje quando se pede um Fitzgerald com suco de limão espremido na hora, mas durante bons anos o suco fresco estava normalmente indisponível!

Ums dos pioneiros, Jerry Thomas – que trabalhou de ponta a ponta nos EUA! – documentou em 1862 a arte da mixologia na primeira publicação sobre coquetéis; “How to Mix Drink ou The Bon Vivant´s Companion” contendo uma orientação consistente de como misturar as bebidas disponíveis nos Estados Unidos junto com as mais populares bebidas inglesas, francesas, russas, enfim, uma variedade enorme.

Já Harry MacElhone (1890 – 1958) foi para a Europa. Ele fez seu nome no “Harry’s New York Bar” em Paris, onde criou ótimas bebidas como o Boulevardier…e de onde vem uma das receitas tradicionais do Carpaccio!

A Lei Seca acabou em 1933 e nos 40 anos seguintes os barmans seguirem a arte da mixologia, clássica ou regional, juntando bebidas como o Rum e a Tequila e criando novos clássicos como o Mojito ou a Margarita.

A criatividade dos anos de 1970, aliado a diversão e agito dos night-clubs levou ao aparecimento de drinks como o Martini de Maçã e outras variações, as quais eu particularmente não sou muito fã.

Dessa época eu fico só com a música  – Simon & Garfunkel; Diana Ross, Jackson 5, Soul… – e os filmes que marcaram minha infância – “Star Wars”, “Superman”, “O Poderoso Chefão” – enquanto os drinks clássicos e sem guarda-chuva esperam mais uns 10 anos para voltar à cena.

Lei Seca

O que acontece na década de 1980: bartenders e donos de restaurantes empreendedores buscaram recriar a atmosfera dos bares clandestinos da era da Era da Proibição, com coquetéis clássicos servidos em salões mal iluminados e poltronas de couro.

A reabertura do lendário The Rainbow Room em NY é uma marco e muitos atribuem ao barman Dale Degroff a referência do bartender como figura mítica. Sua visão pioneira e uma infinidade de discípulos revigoraram a indústria dos bares e o resgate às suas raízes.

Hoje, boa parte dos bares de NY – os “escondidos” principalmente – são de bartenders que herdaram esta essência de Dale, seguindo nos bares tradicionais como o Carlyle’s ou abriram seus próprios bares como o Please Don’t Tell ou o Gramercy Tavern onde você toma drinks clássicos e criações espetaculares. 

Percebeu-se a necessidade de talento não só atrás do bar, mas ao redor dele também! Há de se saber construir e agitar um Manhattan, mas sem perder a essência do que derramamos em cada taça.

Acima de tudo, não e só sobre os coquetéis, mas tudo o que vem em torno deles!

Bom, me arrisquei falando de um periodo de 50 anos de drinks, período igualmente rico no cinema ne na música, então vamos lá.

Nos filmes vamos hoje com Robert De Niro, em “ Uma Vez na America”; “Godfather” e … “Os Intocáveis” esse último é excelente referencia à Prohibition Era.

Música? Bem…não tem jeito de evitar o Frank!

The Old Blue Eyes cantou, dançou, atuou e bebeu, muito! Dos anos de 1930 com Tommy Dorsey até 1974 no memorável show do Madison Square Garden. Deixo ele com o hino nacional…

E, como não posso deixar de juntar os nossos Martinis com um bom jazz, fecho com Oscar Peterson Trio com “Things Ain’t What They Used to Be”, lá na nossa playlist do spotify! 

Espero vocês aqui no balcão.

Cheers!

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Eu sempre revisitei o meu passado através das músicas, misto de bússola com termômetro e confesso que quando morre um artista gigante, há uma fusão de lágrimas e sorrisos enquanto grudo meu ouvido no fone. E juro, posso contar minha vida não apenas pelos anos vividos mas pelas canções de Rita Lee.