Boa parte da minha vida eu passei com medo.

Atitudes corajosas, fortes, mas sempre receosas.

Medo de não ser o que esperavam de mim, de não encontrar um amor, de não poder ter filhos, não ser boa o suficiente, não ser bonita o suficiente, não ser inteligente o suficiente.

Medo, medo, medo.

Sempre mais preocupada com o enredo que criei sobre as expectativas que me cercavam, do que em harmonia com o que poderia, de fato, me fazer feliz.

Minhas opiniões, meus gostos, personalidade, disfarçados sob a pele de uma personagem que inventei para me sentir incluída, à procura de um lugar onde pudesse pertencer sem chamar muita atenção. 

Como pude ser tão negligente com tudo aquilo que sempre existiu em mim?

Me perder aqui dentro como se não fosse nada?

Não me entenda mal, não sou aquela inocente que se anulou em sacrifício à família, carreira ou relacionamento. Não mesmo.

Sou um pouco egoísta como todo mundo.

E talvez esse seja o motivo real da minha indignação, decepção, da minha dificuldade para enxergar o que estava me adoecendo. 

Basta! Basta! Grita o meu corpo.

Basta dessa necessidade mórbida e infantil de precisar ser admirada a cada instante.

Quero poder me atirar no escuro e celebrar as minhas escolhas sem culpa, ser irreverente, despreocupada, ousada, sem nenhuma medida.

As imagens distorcidas que fiz sobre o olhar do outro me aprisionaram por tempo demais.

Quanto engano.

Quanta presunção da minha parte, achar que conhecia cada milímetro da vida que acontecia ao meu redor. 

Tantas vezes fui, sem ter sido.

Me sinto feliz por ter percorrido metade da minha estrada.

Hoje faço quarenta e oito anos.

E resolvi, ao acordar, me vomitar por inteira.

A partir de agora, não aceitarei nada menos do que a minha verdadeira face, crua, destemida.

E quanto mais “eu” puder ser, nessa minha nova caminhada, maior será o meu mundo.

É o que merecemos, afinal, por vivermos essa existência tão intensa e complicada.

Liberdade! 

1 Shares:
1 comentário
  1. me enxerguei muito em seu texto. Não nos disseram para não ter medo, que no final tudo da certo!!! Voe alto agora, e tome novos rumos em seu tapete mágico da vida!!!! bj

Deixe uma resposta

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Você também pode gostar:
Mercúrio retrógrado
Saiba Mais

Mercúrio retrógrado

Mas o que é este tal de Mercúrio retrógrado? Ele afeta mesmo as nossas vidas? Silvia Duarte explica o fenômeno pra gente.
Ser ou estar
Saiba Mais

Ser ou Estar?

Os anseios da menina de 20 anos são diferentes daquela de 40. É libertador aceitar que mudamos e a partir daí nos reprogramar.