Eu acredito que a sexualidade nos motiva a viver, a termos ternura, intimidade, amor próprio e está diretamente relacionada à maneira como tomamos decisões, nos sentimos e interagimos com as pessoas. Motivada por esta certeza dei asas a uma pauta que pode render muitas outras matérias aqui na coluna sobre saúde sexual. E um bom começo é conhecer um pouco sobre o papel e a importância do sexólogo.

Parece incrível, mas ainda em 2022 algumas pessoas não se sentem à vontade para falar sobre sexualidade. Imaginem então considerar uma consulta ao sexólogo. Aliás, muitos desconhecem como esse profissional pode nos ajudar. Outros, por falta de informação, argumentam que a terapia de casal (uma modalidade da terapia com sexólogo) é uma furada.

Felizmente as coisas estão mudando e cada vez mais as mulheres maduras descobrem o quanto é saudável colocar em prática a riqueza da maturidade e se descobrem capazes de ativar a própria satisfação sexual – com o parceiro, a parceira ou sozinhas. Segundo a psicoterapeuta e sexóloga Marina Vasco, especialista em Saúde Sexual pela Sociedade Brasileira de Estudos em Sexualidade Humana (SBRASH), elas têm levado suas dúvidas e queixas para o consultório. A sexóloga explica que no quesito procurar ajuda profissional as mulheres estão um pouco atrás dos homens, que tão logo constatam que algo não vai bem na relação, principalmente quando por repetidas vezes não conseguem ereção, tratam de buscar solução com rapidez.

Por outro lado, Marina conta que as mulheres maduras estão enamoradas por elas próprias, conhecendo sex toys e prontas para dar continuidade a uma vida sexual saudável em plena maturidade – o que para muitos pode parecer uma façanha porque ainda cultivam tabus e preconceitos que relacionam a figura da mulher à fertilidade e à maternidade.

De acordo com Marina Vasco as pessoas ainda vêm com algumas reticências uma consulta a profissionais da sua área. A boa notícia (talvez uma das poucas nestes dois anos de coronavírus) é que a pandemia da Covid-19 teve lá sua influência quanto à decisão de homens e mulheres procurarem um profissional do campo da saúde sexual. Isso já nos parece um bom avanço em uma sociedade patriarcal e na qual a educação sexual nas escolas ainda é objeto de muita discussão. Por essas e outras muitas pessoas não sabem a diferença entre prazer e orgasmo.

Não é de se estranhar que a sexualidade não seja considerada um fator de saúde física e emocional. Um exemplo disso pode ser conferido em artigo publicado na Revista Brasileira de Sexualidade Humana sobre os Fatores associados à vida sexual de mulheres idosas, que trata de uma pesquisa com 110 mulheres com idade igual ou superior a 60 anos do curso de línguas (inglês, espanhol e francês) da Universidade Aberta à Terceira Idade (UNATI),na Universidade Federal de Pernambuco (UFP). A principal conclusão do estudo diz que a maioria das respondentes têm vida sexual nula ou ruim.

Uma prosa sobre saúde sexual
Minhas descobertas sobre como maduros e maduras estão cuidando da sexualidade ainda engatinham diante do universo de estudos, pesquisas e serviços que o Brasil tem nesta área. Um exemplo disso é o Programa de Estudos em Sexualidade (ProSex), do Instituto de Psiquiatria (IPq) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP. Criado em 1993, o ProSex visa melhorar a vida sexual dos seus pacientes por meio do atendimento multidisciplinar gratuito. Ou seja, conta com profissionais de diversos campos, entre eles o da psiquiatria, psicologia, ginecologia, urologia, fisioterapia e também da área da educação.

Ou seja, a caminhada para uma vida saudável em todos os sentidos, especialmente na maturidade, tem um longo percurso. Como o tema sexualidade humana tem “n” bifurcações e rende uma boa prosa, complementei esta matéria com todos os pontos e vírgulas com uma entrevista com Marina Vasco no episódio Saúde Sexual, no podcast Deva de Prosa. Marina tem um lugar de fala sobre sexologia e certamente você vai gostar de ouvi-la. Confira o podcast aqui:

Se você quiser outras matérias relacionadas à saúde sexual aqui na minha coluna, deixe seu comentário. Aliás, seu comentário nos move a procurar temas e a disponibilizar informações atualizadas. Obrigada pela parceria aqui no Inconformidades.
Até mais!

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3 comentários
  1. Assunto muito interessante, pois ainda existem barreiras que impedem de vivermos plenamente a nossa sexualidade! Sugestão para uma nova prosa é sobre a sexualidade feminina na terceira idade ( tabus e preconceitos). Parabéns pelo podcast!

  2. Excelente podcast. Um assunto que começa lentamente a deixar de ser tabu. Minha sugestão é entrevistar casais 50+, 60+ que conseguem ter uma sexual saudável. Explorar os motivos que contribuem para tal e compartilhar com o público do seu Deva de Prosa.

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